Literatura

"Um Defeito de Cor" é livro mais vendido da Amazon após enredo da Portela

Livro conta a história de uma mulher africana trazida como escrava ao Brasil e que passa a vida buscando filho, que foi vendido pelo pai português

Desfile da Portela -  (crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP)
Desfile da Portela - (crédito: Pablo PORCIUNCULA / AFP)

Após a Portela se inspirar no livro Um defeito de cor, da escritora mineira Ana Maria Gonçalves, para o enredo do desfile desde ano, a obra alcançou o topo dos mais vendidos da Amazon. O livro lançado em 2006 conta a história de Kehinde, uma africana trazida ao Brasil ainda pequena como escrava. A Portela levou à Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro, o enredo de mesmo nome do livro Um defeito de cor.

Kehinde, a personagem principal do livro de 952 páginas, é inspirada em Luisa Mahin, mãe do abolicionista Luiz Gama. Segundo a Fundação Cultural Palmares, ela foi trazida ao Brasil no século XIX da Costa da Mina. Ela também participou da Revolta dos Malês, em 1985, uma das maiores rebeliões de escravos. "É uma experiência única de entender o que é ver o livro ser transformado em enredo e ir para a avenida. E com certeza alcançar um público que a literatura não alcança. Acho que isso seja furar a bolha de leitores", disse Ana Maria Gonçalves à TV Brasil antes do desfile.  

No desfile, Luiz Gama foi representado por Lázaro Ramos, Paulo Vieira, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, mestre Nilo Sérgio e Thiago Caetano. "Hoje, terei a honra de estar no desfile da Portela, que trará para o desfile a monumental obra de Ana Maria Gonçalves, “Um Defeito de Cor”. No desfile, serei uma das representações de Luiz Gama, minha referência maior", escreveu o ministro antes de entrar na avenida. O ministro foi o primeiro presidente do Instituto Luiz Gama, fundado em 2008. 

O livro conta que Luiz Gama é separado da mãe ainda criança, quando é vendido pelo pai português, e ela passa o resto da vida tentando achar o filho perdido. Essa separação foi retratada no desfile em um carro alegórico com  dezesseis mães que perderam os filhos vítimas de violência no Rio de Janeiro. Entre elas estava Marinete Silva, mãe da vereadora Marielle Franco, que foi assassinada em março de 2018.  Cada mãe estava com um objeto em lembrança aos filhos. Marinete segurava uma bandeira com os dizeres: "Marielle vive".

A escola vencedora do carnaval do Rio de Janeiro será conhecida nesta quarta-feira (14/2). A apuração terá início às 16h. As seis agremiações com as melhores notas desfilarão novamente no Sambódromo, no próximo sábado, a partir das 20h.


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postado em 14/02/2024 11:28
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