Carnaval é uma festa do povo, um momento em que a alegria é compartilhada. Alceu Valença é uma das maiores autoridades na folia popular. Por isso, lançou na última semana um disco em que divide o amor por carnaval com outras tantas pessoas completamente apaixonadas pela festa. Intitulado Bicho maluco beleza, Alceu abre a própria discografia e convida grandes nomes da música para dividir esses sucessos.
De Ivete Sangalo em um dueto da música título a Maria Bethânia, com quem divide De janeiro a janeiro, o álbum passa por nomes como Criolo, Almério, Lenine, Elba Ramalho, Lia do Itamaracá até chegar a Juba, filho do cantor, que solta a voz em Diabo loiro, e Geraldo Azevedo, que convida o público para um passeio no Táxi lunar.
Segundo o próprio músico, esse disco é uma viagem muito doida pela própria carreira. "O álbum é um passeio da época que eu brincava carnaval na rua para o momento em que eu animei carnaval e até chegar à lua", afirma Alceu em entrevista ao Correio. "É uma narrativa que passa por todos os convidados e faz com que o público possa pirar nessa história", complementa. "Estive em todo canto, em todo carnaval, só não estive na lua, mas agora eu vou", conclui.
O músico, que volta de um atestado por covid-19, está mais que pronto para o carnaval, e o álbum é uma prova da animação dele para o período em que mais trabalha no ano. "Minha agenda está toda fechada, mas se eu pudesse virava um Alceu para curtir o carnaval em cada cidade do Brasil", diz. "Estou pronto e animadíssimo para este carnaval", comenta.
Na entrevista, Alceu passeou pelo que o faz feliz no carnaval e analisou o período que muitos chamam da maior festa do planeta.
Entrevista // Alceu Valença
Importância para o brasileiro
"A importância do carnaval é para o brasileiro e para o Brasil. É para o brasileiro e para a economia do Brasil. É para o brasileiro e para a economia criativa. É para o brasileiro, é para o artista que promove isso. Ele é importante muito para você relaxar, para você amar, para você arranjar namoradas, para brincar, para se fantasiar e se transportar para outros cantos. Tudo está certo no carnaval.
A economia criativa é uma coisa inacreditável, ela acontece nesses eventos. Um evento carnavalesco é bem maior do que qualquer outro do início do ano, do que um festival. Olha quantas pessoas vêm para o Recife, quantas pessoas vão para o Rio de Janeiro, o que Belo Horizonte está apostando no carnaval. O carnaval contribui muito para a diversão das pessoas, para uma ciranda financeira e coisas de todo o país. Muito bom."
Eixo do carnaval
"Existem três carnavais fundamentais, o do Rio de Janeiro, o da Bahia e o de Pernambuco. Mas estão acontecendo outros carnavais em outros estados e isso é muito bom para a cultura, para artistas antigos e artistas novos que estão por aí surgindo, para o músico, para o cara que faz a fantasia, é bom para tudo."
Frevo no Recife
"É uma questão cultural. Uma pessoa tocar Rolling Stones, cantar Satisfaction no carnaval, aí não tem muito a ver. Na verdade, não tem nada a ver. Carnaval é do povo, não para agradar um em cada 300. É a cultura local. Tem sentido também você ir para o Rio de Janeiro fazer um carnaval e não cantar um samba?"
O carnaval perfeito
"Na verdade, preciso me dividir em vários Alceus Valença para falar do carnaval perfeito de cada um. Quando criança, era brincar carnaval na minha rua, onde eu morava na casa dos meus pais. Já mais jovem, era brincar em Olinda, depois no Recife. Aí veio o agitador Alceu, que bagunçou Recife e fez um grande bloco em São Paulo. O carnaval perfeito é o que traz felicidade. O ser humano precisa de alegria, né? Eu estou fazendo um trabalho que é o seguinte, para pegar a tristeza e ficar com ela por 1% de tristeza e 99% de alegria, mas só existe tristeza, porque existe alegria. A vida não é só alegria nem só tristeza."
Futuro
"Não penso muito no futuro, mas sei que será de muitos shows. Só não me pergunta para onde eu vou, porque eu não sei. Quem decide isso é a minha mulher, ela marca, me avisa, eu entro no avião e viajo. Viajando no avião e viajando nos palcos, é isso que eu gosto."
Relação com os palcos
"Para mim, palco é uma maravilha. Eu digo que palco é vitamina. Eu gosto de estar ali, de estar dentro de uma plateia, sempre gostei. A interação que sempre existe comigo, eu com a plateia. Eu digo que no show de Alceu Valença não existe palco nem plateia. A plateia vira palco, e o palco vira plateia. É tudo questão de ponto de vista. Eu sempre fui meio palco e meio plateia."