MÚSICA

Jards Macalé é destaque em disco feito em parceria com trio musical

‘Mascarada’ reúne lenda da música com o grupo musical Sergio Krakowski Trio e faz releitura de clássicos de Zé Keti

Jards Macalé e Sergio Krakowski se apresentaram em conjunto na última quarta-feira (17/1) no Teatro Brigitte Blair -  (crédito: DIVULGAÇÃO/GERALDINHO MAGALHÃES)
Jards Macalé e Sergio Krakowski se apresentaram em conjunto na última quarta-feira (17/1) no Teatro Brigitte Blair - (crédito: DIVULGAÇÃO/GERALDINHO MAGALHÃES)

Conhece aquele ditado “aprender com os mais velhos”? Quando a pessoa de mais idade em questão é o lendário Jards Macalé, essa máxima do respeito aos mais experientes parece ganhar um significado mais especial. Afinal de contas, tanta experiência como cantor e colaborador ativo de tantos outros irreverentes da música — Caetano Veloso, Gal Costa, Maria Bethânia e Nara Leão são alguns deles — dá o tom do mais novo lançamento da gravadora Rocinante, o disco Mascarada.

Fruto da parceria com o grupo musical Sergio Krakowski Trio, o álbum, lançado na última quarta-feira (17/1), é um ode à vida e obra de Zé Keti, lendário sambista portelense autor de canções como Acender as velas, Opinião e Mascarada, essa última responsável por dar título ao projeto mais recente de Macalé e do trio de músicos formado pelo pandeirista Sergio Krakowski, pelo pianista Vitor Gonçalves e pelo guitarrista Todd Neufeld. Aliás, veio de Todd a ideia de convidar Jards para cantar o repertório de Zé Keti no disco que homenageia a lenda do samba.

“Zé Keti foi a cereja do bolo”, brinca Macalé durante entrevista concedida ao Correio. Ele, que estava nos Estados Unidos em dezembro de 2019 para o Grammy, importante premiação de música, recebeu o convite do trio de Sergio Krakowski para participar das gravações como vocalista das releituras de samba. Para o pandeirista, foi uma enorme honra contar com alguém como Jards para interpretar versões rearranjadas de faixas como O meu pecado e Prece de esperança, que ganham vida mediante produção meticulosamente pensada para soar estranha e incomum aos ouvidos mais atentos de quem esteja acostumado à melodia tradicional das canções de samba. “Foi uma alegria imensa”, adiciona Sergio.

Mas não só de arranjos alternativos e experimentalismos Mascarada é construído. Peço licença, faixa de encerramento do disco, é exemplo do que existe de mais habitual no som característico do samba, com batucadas ritmadas e pandeiro tão tradicional ao gênero musical. "Peço licença / Aos donos da mangueira / Pra ver uma pastora / Que eu gostei de ver / Que eu gostei de ver sambar", entoa Jards Macalé, como se se despedisse do público ouvinte ao pedir licença. "Era bastante evidente que uma das faixas tinha que ser o samba feito de uma forma mais canônica", explica Krakowski.

Jards Macalé e Zé Keti se conheceram na década de 1960, nos bastidores do espetáculo Opinião. Desde então, começaram a nutrir uma bonita amizade, fundamental para o trabalho cuidadoso que Macalé teve ao interpretar as letras do sambista nesse novo projeto, uma releitura de canções selecionadas do repertório de Zé Keti, que aqui aparecem retrabalhadas em uma mistura satisfatória de samba e jazz. “Foi se criando uma atmosfera em torno da música dele [do Zé Keti], sem nunca perder de vista o Zé Kéti”, ressalta Jards, ao compartilhar um pouco sobre o processo de gravação do disco.

Gravado em dezembro de 2019, no estúdio Brooklyn Recording, Mascarada está disponível nos formatos físico (vinil) e digital. Jards Macalé e Sergio Krakowski se apresentaram em conjunto na última quarta-feira (17/1) no Teatro Brigitte Blair, em Copacabana (RJ). “Saí completamente suado”, relata Macalé em tom de descontração. O show é parte do projeto de apresentações itinerantes da gravadora Rocinante, intitulada Noites rocinante, que já passou por algumas capitais brasileiras, como Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e São Paulo (SP).

*Estagiário sob a supervisão de Nahima Maciel

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postado em 22/01/2024 17:09 / atualizado em 22/01/2024 17:09
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