O termo capacitismo foi muito comentado nas redes sociais desde o início da semana, quando a 24ª edição do Big brother Brasil começou. O motivo foram falas de um dos participantes para o atleta paralímpico Vinicius Rodrigues, que faz parte do camarote do programa, durante a primeira prova do líder.
Um dos momentos que mais viralizou foi quando Maycon perguntou para Vinicius se poderia "apelidar" a prótese usada pelo atleta na perna de "cotinho". Nas redes sociais, vários influenciadores da causa das Pessoas com Deficiência (PcD) criticaram a fala dele.
o maycon metendo um “mas a gente pode batizar o cotinho (perna amputada do vini)? pode dar um nome pra ele?” QUE RANÇO pic.twitter.com/dpuuGzfTgr
— Lara (@itxslarinha) January 9, 2024
Ivan Baron, influenciador e ativista da causa, foi um dos que comentou as falas capacitistas para com Vinicius. Em entrevista ao Correio, ele destacou que capacitismo é irmão do racismo, machismo, LGBTfobia e de tantos outros preconceitos, mas direcionada exclusivamente as pessoas com deficiência.
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O que foi feito no BBB
No BBB 24, após as falas de Maycon durante a prova do líder, Vinicius foi convocado para o confessionário para conversar com o apresentador Tadeu Schmidt sobre as próteses que ele levou para o programa e sobre piadas sobre sua deficiência.
A conversa, em tom leve, foi elogiada por internautas nas redes sociais. Ivan, foi um dos que comentou sobre a maneira como o programa lidou com a situação.
"O Tadeu não fugiu da responsabilidade e conversou com o Vinicius sobre a situação que ocorreu na prova e ainda se colocou à disposição caso ele se sinta bem por algum ato capacitista que possa acontecer", publicou o influenciador no X (antigo Twitter).
O Tadeu não fugiu da responsabilidade e conversou com o Vinicius sobre a situação que ocorreu na prova e ainda se colocou à disposição caso ele se sinta bem por algum ato capacitista que possa acontecer. O BBB é um programa que reflete a realidade da sociedade brasileira + pic.twitter.com/y4Gek3poXJ
— Ivan Baron (@ivanbaron) January 10, 2024
No entanto, destacou ao Correio que outras medidas podem ser tomadas. "A principal coisa que deveria ser feita seria o apresentador aproveitar a situação constrangedora que o Vini passou e conversar com todos os participantes sobre a temática, explicar sobre capacitismo e principalmente evitar essas “brincadeiras” sem graça. Seria um serviço de extrema utilidade pública tanto para os participantes, como o público em geral", pontuou.
"Eu acredito que é muito importante esse tipo de representação em horário nobre, crianças e jovens vão ligar a TV e de alguma forma se sentirão representadas. Que essa diversidade não se limite apenas a 1 tipo de deficiência!" Ivan Baron, influenciador e ativista
Na perspectiva de mudanças, Ivan avalia que o programa precisa tomar ações afirmativas para que erros como esse não se repitam mais. "É inadmissível. O ideal seria criar um comitê de Acessibilidade com consultores especializados, as próprias pessoas com deficiência para que sugiram ideias de melhorias", completou.
Para Ivan, entretanto, a participação de Vinicius no BBB 24 é importante porque é uma representação em horário nobre e avalia também que pode demonstrar e dar visibilidade para atitudes que antes eram invisibilizadas pela sociedade.
"Com a projeção nacional e o impacto do reality show na grande massa, gera a necessidade do debate em pessoas leigas e que sequer conheciam a palavra capacitismo", afirmou.
O que diz a Legislação
De acordo com o Ministério da Cidadania, o capacitismo é definido como: "preconceito e a discriminação que a pessoa com deficiência vive na sociedade por ter sua existência relacionada à incapacidade e inferioridade".
São definidos como capacitismo ações como:
- Termos ofensivos ou pejorativos;
- Expressões inadequadas;
- Olhares de julgamento;
- Invasão de privacidade;
- Ausência de pessoas com deficiência em diversos espaços
No Brasil, apesar de não ser citado nominalmente, o capacitismo está inserido na Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (PcD), também conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146, de 2015).
O artigo 4º da Lei determina que "toda pessoa com deficiência tem direito à igualdade de oportunidades com as demais pessoas e não sofrerá nenhuma espécie de discriminação".
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