Simone Bitancourt de Oliveira, a cantora Simone estava um tanto quanto no ostracismo quando foi surpreendida com a notícia da premiação no Grammy Latino na categoria excelência musical. A homenagem teve como referência o conjunto da obra, construído ao longo de 50 anos de carreira. Antes de receber o troféu foi celebrada com depoimentos de Milton Nascimento, Ivan Lins, Martinho da Vila e Zélia Duncan.
A artista baiana que chegou a ser jogadora de basquete da Seleção Brasileira, iniciou a trajetória musical no final da década de 1970,quando lançou o LP Cigarra — nome de uma canção composta por Milton Nascimento e Ronaldo Bastos —, que obteve bastante sucesso.
Ela aproveitou a turnê pelo Projeto Pixinguinha, que passou por Brasília ,no qual se apresentava ao lado da compositora e pianista Sueli Costa. Depois voltaria à cidade outras vezes, inclusive com a amiga Zélia Duncan, que esteve ao lado dela na produção do disco mais recente.
No final de 1995, Simone voltou a fazer muito sucesso com Então é Natal. Mas, a versão para Happy X — Mas, de John Lennon e Yoko Ono, foi igualmente alvo de comentários negativos vindos da crítica. O certo é que a canção tornou-se um hit indiscutível.
Três álbuns em espanhol da intérprete, Simone (1991), Distância (1993) e Deciembre (1996) foram lançados nas plataformas digitais. No dia 9 último ela participou do projeto Encontros Históricos com o jovem cantor Zé Ibarra, acompanhados pela Brasil Jazz Sinfônica. Além disso lançou com Ney Matogrosso um single com Por que você não vem namorar comigo, de Chico César.
Entrevista//Simone
Que avaliação faz dos 50 anos de carreira?
Sinto-me vitoriosa. Acredito que essa marca na carreira e na vida revelam que coleciono mais acertos do que erros, que tive muita disciplina, disposição e gratidão a todos que estiveram comigo. Nada se faz sozinho, sempre é uma equipe.
Atribui que importância à Cigarra, canção que a levou a ser conhecida nacionalmente?
Presente dos Deuses que me sopraram o nome da música, do Bituca e Ronaldo Basto e dos fãs, do público que chancelou. Amo! Amo! A beleza da música, a mensagem é maravilhosa.
Guarda que tipo de lembrança do Projeto Pixinguinha que a levou, ao lado de Sueli Costa, a várias cidades brasileiras?
Que privilégio! A Sueli é tão importante na minha vida! Eu guardo as melhores memórias, ela estava grávida, foi emoção à flor da pele. Uma compositora incrível.
Qual dos seus lançamentos fonográficos considera o de maior relevância?
Impossível dizer! (risos) Cabe ao público escolher seus favoritos.
A canção Então é Natal, no seu entendimento, faz parte do imaginário do brasileiro?
É uma canção conhecida, não tem como negar. Fico feliz que ela está sendo apreciada por novas gerações.
Entre os muitos compositores que gravou com que tem relação artística e de amizade maior?
Bituca, Martinho da Vila, Ivan Lins, Zélia Duncan. São muitos compositores que tenho amizade. Amo todos, que nas suas canções abrigam minha voz e meu coração.
Foi sua a decisão de gravar o Da gente, seu álbum mais recente, só com músicas de compositores nordestinos?
Era um sonho antigo, o projeto nasceu em 2015, com a primeira frase do Lamento Sertanejo, Por Ser De Lá. Fiz este disco Da Gente durante a pandemia, um período que me conectei com minhas emoções mais profundas. Neste disco, eu canto a minha gente, minhas raízes, minha terra natal.
Continua tendo gosto pelas turnês?
Bote gosto nisso! Tenho tesão! Palco é emoção à flor da pele e eu gosto muito.
O que representa para você a conquista do prêmio especial do Grammy Latino por excelência musical?
Estou imensamente feliz com este reconhecimento pelo conjunto da obra, pelo meu trabalho. É um prêmio para todos que fizeram parte desta caminhada comigo e não poderia chegar em melhor momento.
No momento, tem algum projeto em andamento?
Sim. Já estou trabalhando no próximo disco e muito animada com o futuro.