Cinema

Festival de Cinema: Mostra Competitiva traz destaque candango nesta quinta

‘Cartório das almas’, de Leo Bello, é o único longa candango na disputa do principal prêmio da Mostra Competitiva Nacional

Produções sombrias tomaram as rédeas do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro nesta quinta-feira (14/12). Destaque da noite, Cartório das almas, exibido no penúltimo dia da Mostra Competitiva Nacional, foi o único representante do DF entre os longas-metragens da disputa. Dirigida por Leo Bello, a produção candanga traz as angústias de Laura, uma “jovem” de 126 anos.

A ficção científica de Bello narra uma sociedade em que as pessoas pararam de envelhecer. Laura (Gabriela Correa) é uma funcionária de um cartório que protagoniza o enredo, inquieta uma vez que passa a se indagar sobre a morte.

Apesar de graduado em cinema pela Fundação Armando Alvares Penteado (São Paulo), Leo Bello, candango nato, representa a capital com o peito aberto na Mostra, com um longa todo gravado em Brasília. “Estou muito feliz porque o cinema de Brasília fez parte da minha formação, foi aqui que decidi estudar cinema. Estar no Cine Brasília, esse templo do cinema brasileiro, é muito gratificante pra mim” diz.

“A estreia mundial aqui tem um símbolo diferente. Fazer uma produção da cidade com um elenco de Brasília e a gente passar esse filme aqui tem um simbolismo muito grande”, garante.

Além do longa-metragem, o evento também contou com a participação do curta candango Cáustico, de Wesley Gondim, e o curta carioca O nada, de André Ladeia. Antes das três exibições, breves discursos e comentários foram feitos no palco por cada diretor.

A obra de Gondim flutua entre a realidade e a fantasia quando mãe e filha tentam achar respostas para uma doença misteriosa que atinge a matriarca. Os 22 minutos de produção são extremamente marcados por um suspense constante e intenso.

Ao Correio, o diretor e roteirista do curta contou a ideia por trás do filme. “O curta Cáustico é um filme de cura e de traumas, mas a gente utiliza das convenções do cinema do horror para contar essa história. É um enredo de amor e cumplicidade entre mãe e filha”, explica o cineasta. “No final, a gente lança uma pergunta ao telespectador, que é ‘O que você seria capaz de fazer por alguém que você ama?’”, completa.

O segundo curta-metragem da noite foi O nada, dirigido pelo carioca André Ladeia. O enredo mergulha em uma rede de reflexões e tomadas de decisões pelo protagonista, resultado de uma visita inesperada do diabo em sua residência. “Esse curta é uma adaptação de um conto que eu gosto muito, do escritor russo Leonid Andreiev. Ele é um drama existencialista sobre a finitude humana e escolhas trágicas que muitas vezes nós fazemos”, explica.

Para Ladeia, a noite foi um marco na carreira. “É uma alegria muito grande estar participando com o curta ‘O nada’ nessa mostra de cinema, principalmente porque é a minha estreia no audiovisual e estreia do filme também”, ressalta o diretor sobre a importância de ser um dos competidores.

O atraso de mais de 40 minutos para início da Mostra não desanimou o público da capital, que lotou a sessão para prestigiar o cineasta estreante e os conterrâneos Leo Bello e Wesley Gondim.

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