MÚSICA

Com bom humor e inventividade, Bananas Caipiras lançam ‘Alternatréche’

Surgida em 2017, a banda, formada por amigos do ensino médio, se aventura com o choque entre o alternativo e o tosco

O quarteto Bananas Caipiras, surgido no DF em 2017, esconde, na literalidade nonsense, subtextos sutis a serem desvendados. “Ninguém lembra direito quem teve a ideia do nomes e temos teorias diferentes do porquê ser esse”, brinca o vocalista Omar Azul, que, na verdade, se chama Pedro Sampaio. “A sonoridade é boa: ‘banana’ traz uma vibe tropical e ‘caipira’ quebra qualquer ranço pretensamente tropicalista. O JG disse que caipira tem alguma coisa a ver com um tal de Antonio Candido, mas isso é viagem da cabeça dele”, explica.

No dia 1º de dezembro, lançaram em todas as plataformas musicais o primeiro full-lenght: Alternatréche, neologismo definidor do som da banda. É alternativo e é trash, ou melhor, tréche, corruptela preferida pelos artistas. “É um conceito que traduz essa ideia de fazer o que está na nossa cabeça sem medo do que os outros vão achar, tentando encontrar um lugar comum de experimentação e gosto”, ressalta Omar. “O alternatréche vem disso de abraçar o lado tosco e deixar o caos ganhar às vezes. Mas só às vezes”.

O disco é, mas não era para ser. Um ensaio despretensioso no Estúdio Manga (310 Norte) foi um pouco mais empolgante do que deveria e, num piscar de olhos, as duas horas previstas de sessão transmutaram-se em quatro. “A gente teve a ideia de fazer demos ao vivo para um álbum que iríamos fazer com as músicas que temos desde 2017, mas o material nos agradou o suficiente para virar o álbum oficial. Mandamos o material mixado por nós mesmos para o nosso amigo Irmão Victor fazer a masterização e deu no que deu”, conta Omar.

As referências artísticas são diversas. Desde a identidade lo-fi e barulhenta da ética faça-você-mesmo, ao cinema singular de Zé do Caixão e John Waters, a banda toma como combustível o choque entre o impulso intelectual-acadêmico e o impulso carnal-escatológico. A capa, bolada por Omar e pelo jornalista Arthur Ramos, subverte o clássico The Velvet Underground & Nico com a imagem de uma banana desnuda se refrescando num copo de gelo: a pura trashificação do ímpeto alternativo.

Musicalmente, exploram “algo da estética lado B dos anos 60 e 70 do rock brasileiro – tipo a dissidência da Jovem Guarda atualmente categorizada como ‘Brazilian Nuggets’ – algo de Frank Zappa, Beatles, Beach Boys e rock slacker dos anos 90, na veia de Pavement e Ween”, aponta Omar.

Nesta quinta-feira (14/12), os Bananas Caipiras sobem ao palco pela segunda vez desde o lançamento do disco, que, inclusive, ganhará uma prensagem em vinil translúcido pela Lombra Records, disponível para compra no local. A apresentação é gratuita, na Infinu (506 Sul), a partir das 19h, junto à banda Cool Sorcery. “Tem um pessoal que vem colando mais depois que a gente fez um show de abertura para Sophia Chablau e Uma Enorme Perda de Tempo e eles estão trazendo uma energia nova muito legal pros shows. A galera canta junto e sente junto. Se depender desse pessoal sei que vai ser bom”, destaca o vocalista. Além de Omar, os Bananas Caipiras são JG, Guigui e Naruto.

Serviço

Alternatréche
Bananas Caipiras, 2023. Disponível em todas as plataformas digitais. Composto por 14 faixas, com total de 50 minutos de duração. Prensagem em vinil pela Lombra Records, disponível com a banda.

Noite Alterna Trash
Bananas Caipiras e Cool Sorcery. Nesta quinta-feira (14/12), na Infinu (506 Sul). Entrada franca.

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