Lançamento

Eugênio Giovenardi lança livro em defesa da preservação do Cerrado

Sociólogo, filósofo e escritor, Eugênio Giovernardi lança, nesta quinta-feira (14/12), o livro 'Ouvir as árvores', no qual fala sobre a urgência de preservar o cerrado

Apesar de ser considerado o segundo maior bioma da América do Sul, o Cerrado perdeu para o desmatamento, ao longo dos anos, cerca de metade da área total. Sem perspectivas positivas futuras, essa vegetação ainda encontra esperança em pessoas como Eugênio Giovenardi, responsável pela preservação de 70 hectares desse ecossistema na própria biocomunidade do Sítio das Neves. Ele conta sobre a urgência de medidas de preservação no livro Ouvir as árvores, a ser lançado, nesta quinta-feira (14/12), às 17h, na Livraria Sebinho, pela Editora Kelps.

Sociólogo, filósofo, escritor e acadêmico do Instituto Histórico e Geográfico do Distrito Federal (IHG/DF), Eugênio chegou a Brasília em 1972. Dois anos depois, ele adquiriu um sítio que, na época, se encontrava devastado por manadas de gado, queimadas e carvoarias. "Eu sou do sul, não conhecia o Cerrado. O que mais me impressionou quando eu vim a Brasília foi a monumentalidade do silêncio das noites brasileiras. Esse silêncio é o que nós temos que começar a preservar", explica. "O Cerrado quer paz, quer tranquilidade".

Para regenerar a vegetação nativa, ele construiu pequenas barragens que armazenam a água da chuva, além de plantar árvores com capacidade de infiltrar a água, por meio das raízes, e recarregar aquíferos. "Então, durante esse tempo que eu colaboro com o Cerrado, eu aprendi a falar com as árvores, a ouvir e saber qual é o papel delas", conta. Segundo ele, a vegetação grita pela preservação da fauna e flora, mas também, das nascentes, para que haja água para as próximas gerações do Distrito Federal.

Esforço

Além de abordar a relevância da criação de reservas de recursos naturais, a obra também passa pelo descasos governamentais, dos administradores de água e energia elétrica, com a existência de políticas públicas que não dão a devida importância ao assunto. "Não vejo os últimos governos do DF, nesses últimos 40 anos, se preocuparem com isso. Então, há um esforço muito grande de grupos ambientalistas, de grupos que querem proteger a natureza, mas isso não é suficiente", reforça. "São coisas que deveriam ser normais para a construção de Brasília. Constrói uma casa, constrói um prédio, junto constrói a captação de água da chuva", ele exemplifica.

O livro trata também do tema da "saúde" das árvores, levando em conta a dificuldade de replantio e reflorestamento. "As mudas das árvores são feitas no berço — onde elas têm carinho, água e comida todos os dias — mas, depois, nós pegamos e plantamos no lugar que nós achamos que é bom e a árvore fica lá, sem ninguém para falar com ela e, então, demora para se adaptar", observa. No mesmo dia do lançamento, Eugênio recebe a Comenda do Museu da Pedra Fundamental de Brasília, como protetor do Cerrado do DF. O Sítio das Neves foi a primeira área do DF a ser declarada como Patrimônio Natural em Caráter Perpétuo.

O autor enfatiza que, caso a política do ser humano falhe, o ecossistema se voltará contra ele. Alguns exemplos deste possível cataclisma são as drásticas mudanças climáticas que o planeta enfrenta. "A natureza tem sua própria força para se regenerar, só que a espécie humana tem que deixar que ela cumpra o seu dever e que adquira essa capacidade de guardar a água da chuva e levar essa água para os aquíferos", ressalta.

*Estagiária sob a supervisão de Severino Francisco

Serviço 


Ouvir as árvores

De Eugênio Giovenardi. Lançamento, amanhã, às 17h,  na Livraria Sebinho (406 Norte, comercial)

 

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