Recém-saído do forno, como ressaltou a diretora Sandra Kogut, o documentário No céu da pátria nesse instante foi a atração que empolgou o público da primeira sessão competitiva do Festival de Cinema, na noite deste domingo (10/12) ontem. "É a minha primeira vez. Nunca tinha vindo, só participei de uma seleção, na época da pandemia. Agora, acho que eu não poderia ter sonhado no melhor lugar e momento para esse filme nascer. Todo mundo vai descobrir o filme, inclusive a equipe, já que ninguém nunca o viu numa sala cheia de cinema", comentou Sandra sobre o longa que examina precedentes que culminaram no 8 de janeiro.
O Cine Brasília, local do evento, complementou a positiva expectativa de Sandra. "Temos o festival mais antigo do país. H tudo o que esta sala de cinema representa. Quando você olha a arquitetura (de Oscar Niemeyer), a história que está contida — tudo isso conta um projeto de país, o que torna a sessão muito emocionante", observou a diretora conhecida por filmes como O passaporte húngaro.
A exibição teve um espectador de peso: o documentarista Vladimir Carvalho. "Há uma ansiedade para ver, porque a Esplanada dos Ministérios me reputa muito, é algo que me diz respeito. Tenho filmado o local insistentemente para um futuro longa-metragem. O filme da Sandra deve trazer uma interpretação vinda da visão do domínio da linguagem de cinema. Acho que o que ela filmou traz um gesto político", comentou.
Vladimir está radiante como figura de peso no evento, uma vez que publicamente autoridades da Secretaria de Cultura e do Ministério da Cultura demonstraram desejo de resolver a alocação do acervo que o cineasta de Conterrâneos velhos de guerra ostenta. "Estou em Brasília desde o final de 1969. São mais de 52 anos de acúmulo das coisas que representam uma crônica do cinema em Brasília, desde o curso de Paulo Emílio Sales Gomes (fundador do festival) até a retomada na Universidade de Brasília (UnB). Hoje, tenho meia tonelada de equipamentos e uma biblioteca de 5.000 livros", disse.