Cinema

A independência da mulher é tema de filme exibido no Cine Beijoca

Última sessão do Cine Beijoca ocorre nesta terça-feira (5/12) e traz o primeiro longa dirigido por uma mulher no cinema moderno brasileiro

O Cine Beijoca exibe, nesta terça-feira (5/12), no Cine Brasília, a última sessão do ano com o filme Os homens que eu tive, de Tereza Trautman, o primeiro longa-metragem dirigido por uma mulher no cinema moderno brasileiro.

Em um contexto de ditadura e forte censura a obras consideradas impróprias para a população brasileira, Os homens que eu tive foi lançado em 1973. No filme, o amor livre e a independência sexual da mulher são os temas centrais.

Na época, não era frequente a presença de mulheres na direção, mas ela só ficou sabendo disso após a interdição do longa. "Sou da geração de 1968, era aluna do Colégio de Aplicação da USP", conta Trautman. Tereza afirma que greves e passeatas faziam parte do cotidiano, e, na sexta-feira 13 de dezembro de 1968, o AI-5 foi decretado, e o colégio em que ela estudava foi fechado.

"Eu que planejava estudar cinema na UnB vi os meus sonhos evaporarem, colegas e professores serem presos", relata a diretora. "Entrei em um casamento abusivo e 8 meses depois nascia o meu filho. Um ano depois me separei e fui lançar o meu primeiro filme, Fantasticon, no Rio de Janeiro, com 20 anos, e, seis meses depois, como se fosse uma catarse, eu sentei e escrevi o roteiro de Os homens que eu tive em menos de um mês."

Era a época do Posto 9, do desbunde, das Dunas da Gal, do Pasquim. Tereza conheceu tudo isso depois quando chegou o verão, e se identificou completamente. Influenciada pelos clássicos da nouvelle vague, do neorrealismo italiano, do expressionismo alemão, além de filmes do cinema japonês, da Europa oriental e outros dos Estados Unidos. "Eu estava cheia de histórias que queriam ser contadas e que não podiam ter livre trânsito", afirma Trautman.

A personagem principal do filme, Pity, foi vivida por Darlene Glória. No entanto, a atriz cotada para interpretá-la foi Leila Diniz. Leila era uma voz ativa na luta contra a ditadura e os tabus vigentes, mas, em 1972, a atriz morreu no acidente do voo 471, da Japan Airlines. "Nós nos conhecemos com o roteiro já pronto e fiz  chegar às suas mãos porque a queria no papel principal", conta a diretora. "Foi um grande baque quando ela faleceu no acidente aéreo."

Serviço

Os homens que eu tive

Exibição do Cinebeijoca, nesta terça-feira (5/12), às 19h no Cine Brasília (EQS 106/107). Entrada franca.

*Estagiário sob a supervisão de Severino Francisco

 


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