Crítica // Monster ####
Não é apenas pela excelência na qualidade técnica do longa-metragem Monster, que ele reluz; a essência dramática e multifacetada, conquista. Depois de vencer a Palma de Ouro no Festival de Cannes, com o filme Assunto de família (2018), o diretor japonês Kore-eda Hirokazu esbanja interesse: Monster cerca o árduo tema do bullying e das consequências das maquiavélicas intenções de personagens nada compassivos.
Monster venceu novamente em Cannes, mas, desta vez, pelo roteiro fascinante de Yuji Sakamoto (vale a menção de que o longa ainda logrou o Fipresci, no Festival de Estocolmo). Sakamoto já desenvolvera a temática do abuso infantil na série Mother (2010). Agora, toda a ação se volta para os meninos Minato (papel de Soya Kurokawa) e Yori (Hinata Hiiragi).
Ainda que juntos, eles parecem um alvo fácil para toda a maldade espalhada entre colegas de classe. Aos poucos, eles apostam na construção de um abrigo (isolado) e, com laços aparentemente, perenes, se voltam a um contato saudável sujeito à força da natureza. Em muitos pontos, Monter se assemelha ao arrebatador A fita branca (de Michael Haneke).
Com uma música bastante eficiente (a trilha é assinada pelo prestigioso Ryuichi Sakamoto), o filme ainda se vale de um disfuncional núcleo adulto, no qual se destacam Sakura Ando (no papel da maternal e, progressivamente, aflita Saori) e Eita Nagayama, na pele de Hori, o professor capaz de atrocidades, segundo muitas versões imperantes entre os alunos.