Música

BK' voa perto do sol sem se queimar após o sucesso do álbum 'Icarus'

Em entrevista exclusiva ao Correio, o rapper BK’ vive os bons resultados do disco 'Icarus', lança mixtape e se prepara para show na Praça da Apoteose, no Rio

BK' chegou ao topo e agora vê o horizonte -  (crédito: Gigantes/Coala Music/Divulgação)
BK' chegou ao topo e agora vê o horizonte - (crédito: Gigantes/Coala Music/Divulgação)
postado em 21/12/2023 12:15 / atualizado em 21/12/2023 12:19

Há pouco mais de um ano o rapper carioca BK' decidiu que voaria perto do Sol quando lançou o álbum Icarus. Diferentemente do conto da mitologia grega, as asas do cantor não queimaram e ele não caiu. Muito pelo contrário, ele continua subindo e este é um período de maior sucesso da carreira, que completa 10 anos.

Icarus foi aclamado pelo público e pela crítica. Foram mais de 130 milhões de reproduções no Spotify, mais de 4 milhões de ouvintes mensais na plataforma; e músicas com mais de 40 milhões de plays, os maiores que viu na própria carreira. Além dos números, vieram prêmios nacionais e internacionais, e uma turnê de mais de 60 shows no Brasil, sendo dois em eventos diferentes em Brasília, e mais 10 datas em terras estrangeiras em cidades como Paris, Londres, Lisboa e Dublin.

BK' acreditava que o sucesso seria um resultado de um trabalho coeso e potente. "O álbum tem uma construção, ele tem uma base. A gente queria fazer com que o público conhecesse essa base do disco, não só os hits. O público precisava conhecer essa história", explica o artista, em entrevista exclusiva ao Correio. O projeto era coerente, mas os sonhos eram voos perto do Sol. "Quando a gente faz um trabalho a gente sempre imagina o melhor cenário possível. Então eu sempre imaginei Icarus com um resultado incrível", afirma.

Para o rapper, este álbum é um dos maiores sucessos da carreira pelo fato de ser uma caminhada pela trajetória que o público acompanhou durante os 10 anos em que BK' investiu no rap. "Foi o álbum em que eu estava escutando as minhas músicas para fazê-lo. Eu me inspirei no meu próprio trabalho para fazer, então realmente tem isso de lembrar alguns momentos de vários trabalhos para criar um trabalho novo", conta o artista que entende que buscou unir a vontade de fazer música com a expectativa do público para o lançamento. "Icarus foi o primeiro disco que fiz realmente pensando no público: 'O que a galera quer ouvir de mim?'", lembra.

Como um efeito dominó uma coisa foi gerando outra, até chegar no momento em que o carioca de 34 anos, natural da Cidade de Deus se encontra. "Reverberou nesse sucesso aí que estamos vendo. Não só de números, mas realmente o impacto na vida das pessoas, que é o mais importante", reflete o músico, que acredita ter alcançado o público. "Isso vem da cultura hip-hop, os números são importantes. Porém isso de realmente inspirar as pessoas é onde a gente quer chegar", complementa.

Apesar de BK' achar que tudo são processos e ciclos, Icarus parece, para quem escuta, um ápice. No topo desta montanha está uma apresentação muito especial, o rapper vai cantar para 20 mil pessoas na Praça da Apoteose, no Sambódromo da Sapucaí, no Rio de Janeiro em abril. "Depois que você tem essa noção, aí realmente vai passando o filme todo na cabeça. Prova um ponto que eu sempre falo com meus amigos, que é isso: confiar realmente no trabalho que você está fazendo. São 10 anos de rap e mais alguns na pista. Vi muita coisa acontecer e mudar e, ainda assim, confiei que o meu trabalho ia virar algo, e virou", comemora.

O rapper não conseguia vislumbrar que a forma que chegaria neste cume seria como está sendo. Foram liberados 15 mil ingressos, mas, apenas na pré-venda, 20 mil pessoas se inscreveram para comprar, abriram mais 5 mil lugares para o evento. Foram necessárias apenas 24 horas para lotar o local, que já foi palco de shows de nomes como Bob Dylan, David Bowie, Nirvana, Elton John, Kiss, Iron Maiden e Harry Styles. "Quando marcamos a data para 6 de abril estávamos acreditando no potencial do nosso trabalho e agora estamos vendo tudo que a gente construiu", analisa.

O raciocínio dele nunca foi necessariamente chegar nesse tamanho. Porém, isso é resultado de acreditar no trabalho. "Sempre pensava: 'A gente não precisa correr para ter um hit de números agora. A gente está construindo uma carreira'. Porque é isso, a gente quer viver durante muitos anos. Não queremos só o momento, a gente quer viver isso enquanto conseguirmos", comenta BK'. "Então, essa nossa forma de pensar a música, de pensar o rap, a Apoteose é um dos resultados disso", completa.

O músico acredita que este é o fim do ciclo, e este fim abre uma janela para a novidade. "Eu vejo o Icarus fechando um ciclo. Já que estamos falando de ciclos. E agora a minha busca é outra. Agora é realmente sobre o que eu vou falar", explica o artista, que já sabe o novo caminho. "Eu acho que pode ter chegado num auge de um BK que as pessoas conhecem. Agora a minha busca é realmente mostrar outro BK, falar de outras paradas e fazer outras pesquisas de música", acrescenta.

Mixtape

O fim desse velho BK' vem com a mixtape Verão criminoso, em que ele convida os amigos e artistas do selo que é dono, chamado Gigantes. Ele usa um termo muito da cultura pop para explicar o que é o lançamento. "É um trabalho não canônico", diz. Ou seja, não faz parte da linha de raciocínio que foi criada para chegar aos outros quatro álbuns do cantor.

O rapper quer mostrar o próprio selo e os artistas como FyeBwoii, JXNV$ e Yannick Nobre, que dele fazem parte. "Eu queria soltar mais músicas e, principalmente, começar a trabalhar o selo. O ponto principal aqui, nessa mixtape, é realmente começar a trabalhar o selo. Mostrar os artistas novos", conta. "A gente conseguiu mostrar a essência do selo", acredita.

Seja fazendo arte, colecionando grandes números ou principalmente inspirando pessoas, BK' encontrou a forma de se expressar nesses 10 anos de carreira. Com o novo trabalho, quer dar oportunidade para pessoas próximas a ele fazerem o mesmo. "Além de todo o entretenimento que a música tem, além de todo o número, para mim, ela também representa isso: essa liberdade de poder mostrar um pouco mais do que eu sou e forma como eu penso", crava o artista. "Não sei se eu sou bem tímido. Não sei se é o ponto. Contudo, talvez eu seja um pouco mais reservado em alguns lugares da minha vida, com alguns sentimentos. E, na música, eu consigo expor isso melhor", complementa.

Portanto, seja falando com o público ou para o público, seja para agradar ou pesquisar, o rapper pretende manter a essência do que o fez chegar ao topo: "Enquanto a gente estiver fazendo música, estarei realmente apostando, investindo, acreditando e recebendo os frutos disso, ou não".

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