Os vencedores do 56° Festival de Brasília do Cinema foram anunciados durante a cerimônia de encerramento do evento na noite deste sábado (16/12), no Cine Brasília. O grande vencedor da premiação foi Mais um dia, Zona Norte, de Allan Ribeiro. O troféu de Melhor curta-metragem, por sua vez, foi para Pastrana, de Gabriel Motta e Melissa Brogni.
O filme da noite mostra a realidade de trabalhadores da periferia do Rio de Janeiro que vivem momentos de transformações em meio à rotina. Ao Correio, o diretor Allan Ribeiro compartilhou a importância de estar entre os grandes vencedores do festival mais tradicional do cinema brasileiro. “Faço 20 anos de Festival de Brasília, é um festival que eu mais acompanho, apesar de não morar aqui. É um lugar que eu gosto de estar, gosto de mostrar para esse público. O filme nasceu bonito e isso tudo já era um prêmio. Então ganhar o prêmio de melhor filme é realmente inacreditável”, afirmou o diretor de Mais um dia, Zona Norte.
Allan também destacou o grande diferencial do longa. “Eu acredito que o que o filme tem de especial é um olhar de dentro para fora. É o lugar onde eu nasci, onde eu cresci. Depois de ter virado cineasta, com o olhar que eu já tinha, tento mostrar, por meio desse elenco maravilhoso, algo específico dessa periferia, que tem coisas em comum com qualquer outra, porém com a graça do subúrbio carioca”, explicou. Além do prêmio principal, Mais um dia, Zona Norte foi vencedor das categorias Melhor ator coadjuvante e Melhor atriz coadjuvante. O diretor, também responsável pela música do longa, ainda recebeu o troféu de Melhor trilha sonora.
Voltado para os sentimentos acarretados pelo luto, Pastrana traz as memórias da skatista Melissa, que por meio de imagens e conversas, realiza uma homenagem para o amigo que dá nome à produção. “Esse curta surgiu da promessa de fazer um vídeo do meu amigo, e eu acabei lidando com a frustração do tempo. Ele conta a história de uma pessoa que foi muito importante para mim e para o esporte. Ele me ensinou a filosofar muito sobre o tempo, por isso eu quis eternizar esse legado deixado pelo meu amigo”, explicou Melissa Brogni em entrevista ao Correio no dia de exibição do curta. Pastrana também foi o curta vencedor do prêmio de Melhor montagem.
A representatividade deu o tom da noite de premiação. O protagonismo feminino foi ressaltado nas principais categorias da noite, inclusive as técnicas — troféus como Melhor edição de som, Melhor direção de arte, Melhor montagem e Melhor fotografia foram entregues a mulheres. Um dos destaques da noite, a travesti Jhonnã Bao foi vencedora dos prêmios Melhor roteiro de temática afirmativa e Melhor atriz, por Erguida. “Parafraseando Viola Davis e aproveito para dizer que a diferença entre corpos dissidentes, de corpas travestis, corpas trans e de outras corpas é a oportunidade. Que a gente abrace a potência que a gente é”, declarou Jhonnã.
O troféu Saruê, concedido pelo Correio ao melhor momento do festival, foi entregue a Rodas de gigante, de Catarina Accioly, longa que revela os bastidores do diretor mais reverenciado do DF, Hugo Rodas. A cineasta se emocionou ao ganhar o prêmio. "É um filme de amor, que valoriza a arte artesanal que é o teatro e todo o potencial que ele tem de convivências profundas e relações contundentes, mas muito verdadeiras. É um filme que fala de uma despedida altiva e cheia de coragem e da celebração do que foi a vida”, detalhou Catarina. “Essas cancelas e esse prêmio de melhor momento nos deixaram muito felizes, porque de fato foi um momento muito marcante, além de dar essa credibilidade ao filme. Esperamos que, com isso, o filme possa atingir mais e mais pessoas", concluiu.
Apresentada por Rocco Pitanga e Ana Luisa, a premiação foi transmitida ao vivo pelo canal do Festival de Brasília do Cinema no YouTube.
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