Neste sábado (16/12), o 56º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro se encerra em uma cerimônia com público energizado. Antes da abertura das portas para a sala de cinema do Cine Brasília, um grupo de cineastas com deficiência se manifestou silenciosamente com cartazes que denunciavam a inacessibilidade do festival. Posteriormente, o primeiro discurso da cerimônia foi dos manifestantes, em convite dos apresentadores do festival.
A estudante de cinema Bia Cruz, ao lado dos outros manifestantes, escancarou a dificuldade em acompanhar o festival como pessoa surda. "Sou cineasta, sou uma pessoa com deficiência e tenho muito interesse em acompanhar o festival. Mas esse festival não foi acessível", declarou Bia. "Ficamos de fora, somo profissionais do cinema, temos muito interesse em participar e acompanhar."
Bia Cruz, protesta sobre a questão da acessibilidade durante o festival. pic.twitter.com/RUBATklXXq
— Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (@festbrasilia) December 17, 2023
O grupo afirma que, das produções exibidas no festival, 49% não tiveram legendas descritivas, 26.7% estavam sem audiodescrição e nenhuma apresentação deles teve o suporte em libras. A cineasta convidou o público para refletir sobre acessibilidade: "Se nós fizéssemos um filme em libras e o inscrevêssemos para o festival sem áudio, quantos de vocês iriam entender?"
Bia encerra o discurso com esperança de novas oportunidades que abracem todos os profissionais do cinema. "Que as próximas edições sejam não só acessíveis mas inclusivas também."
Em seguida, a equipe da organização do Cine Brasília subiu ao palco e a diretora artística do festival, Ana Karinna de Carvalho, observa que a falta de acessibilidade do festival é sintoma da falta de verba. "A questão da acessibilidade é muito importante para nós. Os festivais precisam de orçamento. Mesmo sem ter suficiente, colocamos o que dava para ser", afirmou Ana Karinna.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
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