Cinema

'Nós somos o amanhã' examina efeitos do bullying e das possíveis reações

Musical 'Nós somos o amanhã ' se esforça no discurso e apresenta talentos, mas com resultados medianos

Lufe Steffen estrela e dirige Nós somos o amanhã -  (crédito:  Divulgacao)
Lufe Steffen estrela e dirige Nós somos o amanhã - (crédito: Divulgacao)
postado em 14/12/2023 16:55 / atualizado em 14/12/2023 16:56


Crítica // Nós somos o amanhã ##

Quem lembrar daquele trabalho de escola, amarrotado, e entregue de última hora, terá a noção da estética simplória operante no longa-metragem Nós somos o amanhã, obra de ficção assinada por Lufe Steffen, que ainda se desdobra como razoável ator no filme. A precariedade do acabamento não impediu filmes meio primos da obra de Lufe, entre os quais os rudimentares Cama de gato, Como fazer um filme de amor e até Alice Júnior (título com enredo LGBT, vencedor de prêmios Candango no Festival de Brasília), de alcançarem êxitos criativos. 

Exaustivo nas citações, que acoplam até o clássico Sociedade dos poetas mortos, Nós somos o amanhã se debruça na impossibilidade do amor e na vivência do bullying dentro de uma sala de aula. Não há problemas em constatar as limitações de produção que, como recurso, dispõe carteiras estudantis num palco de teatro. São os talentos cantantes no elenco que seguram a espinha do longa que traz Claudia Ohana (no papel da progressista professora Clara Celeste), Silvero Pereira (que, cantando Maria Bethânia, defende personagem Bruxa Boa do Oeste) e ainda Érica Ribeiro, ótima, no papel da aluna bombardeada por discriminação racial.

Não à toa, o filme, no roteiro, vem dividido em rounds. Muito do enredo cerca o personagem Rodriguinho (vulgo "Chute de Bicha"), interpretado por Steffen (com um quê à la Matheus Souza), que sonha em beijar Ricardinho (do grupo partidário de xingamentos e agressões).

Na fantasia de gosto duvidoso, Lufe Steffen, o "menino de ouro" adulado por professoras, e que melhor institui as vivências de sonhos gregários, brilha em cenas como a da dublagem de Flagra (de Rita Lee) e se sufoca entre os rasos componentes de empatia e afinidade. À medida em que se distancia do ambiente dos pesadelos escolares, naturalmente, o filme cresce, num festejo com o público. De certo modo, ele reeduca para a fantasia.

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