O quarto dia do 56° Festival de Brasília do Cinema Brasileiro (FBCB) seguiu o ritmo dos sucessores, e terceira noite da Mostra Competitiva Nacional contou com a diversidade de temas. O lírico e o onírico assumiram a tela em filmes que buscaram formas distintas e alternativas de conversar com o público candango.
O famigerado telão do Cine Brasília deu vida aos curtas metragem Helena de Guaratiba e Remendo, dirigidos por Karen Black e GG Fáklàdé, respectivamente. O longa-metragem Nós somos o amanhã, sob direção de Lufe Steffen, também se fez presente na noite desta terça-feira (12/12). Sem muita diferença dos dias anteriores, a sala de exibição recebeu um público interessado que encheu o local e, atentamente acompanhou aos projetos que ganhavam a tela.
Único longa-metragem da noite, Nós somos o amanhã, é um musical situado nos anos 80 que resgata canções e comportamento daquela década. A produção lúdica apresenta adultos interpretando papéis infantis de personagens que enfrentam o bullying. O filme desembarca na capital com a proposta de apresentar estéticas diferentes do padrão do cinema brasileiro.
Ao Correio, o diretor da produção conta o sentimento de participar desta edição do festival. “É uma honra. Essa é a primeira vez que eu participo e para mim é um reconhecimento importante, para o filme e para mim mesmo, como cineasta. “Estou feliz, emocionado e honrado”, destaca.
Lufe Steffen revela as expectativas para a estreia do longa e incentiva o público a assistir a produção sem o olhar preconceituoso. “Espero que o público goste do filme e que embarque nele. Estou curioso para ver como vai ser a reação das pessoas. Espero que acolham e se envolvam, é um filme que exige que o público esteja aberto, sem preconceito, amarras, para poder embarcar na história”, revela.
O diretor ainda enfatiza a importância de festivais como este para a expansão da cultura cinematográfica. “A luta continua, o trabalho do cinema é isso mesmo, é sempre uma jornada. O cinema é muito imprevisível, nunca sabemos qual vai ser o caminho de cada filme”, afirma. Lufe ainda ressalta a surpresa do longa chegar até a capital. “É meio surpreendente, eu não esperava que o filme entrasse em Brasília e entrou, então esse momento estou deixando a vida me levar”, destaca.
Um dos mais badalados curtas a entrar na mostra, Remendo chega à Brasília após ser premiado na Mostra de Tiradentes e o Festival de Gramado. A diretora GG Fáklàdé comemora a oportunidade de contar essa narrativa no Festival de Brasília. “É histórico. Brasília é a casa do cinema e tem uma grande parcela da nossa formação enquanto povo, enquanto identidade”, afirma. “Estar aqui hoje é um certificado de que eu estou onde deveria estar”, acrescenta.
Segundo a cineasta, o curta-metragem faz uma reflexão sobre o motivo das pessoas continuarem remendando e tentando arrumar as coisas que não tem jeito. “O filme fala sobre todas aquelas coisas que a gente adia e não joga fora. Coisas que a gente remenda”, analisa. “Esse trabalho é um lembrete, para mim e para as outras pessoas, de que não é preciso sofrer. Ele está para lembrar que não é preciso afirmar a precariedade, a morte, a injustiça e tudo aquilo que nos fere”, complementa
Após as boas passagens por festivais nacionais, mais uma estreia internacional faz com que o Festival de Brasília ser um encerramento de um bonito ciclo. “É um evento muito representativo, muito bonito. Terminar aqui na casa do Brasil, na casa do povo, é a consolidação de um trabalho”, comenta GG.
Após 20 anos desde a última participação no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro com o o primeiro curta-metragem, Karen Black retorna o Cine Brasília com a tragédia grega funk, o curta Helena de Guaratiba. "Estou muito feliz, é um festival querido e muito importante. O público de Brasília é muito participativo. Estou ansiosa para ver a troca de Brasília, o filme só fica pronto após a recepção", observa a diretora.
Estrelado por Cauã Reymond e Helena Ignez, a releitura abrasileirada de Helena de Troia narra a história de um pescador jovem se apaixonando por uma mulher de 80 anos. “O filme é muito comunicativo, ele busca o público”, afirma Karen Black. A partir dessa nova conexão, Helena de Guaratiba se vê obrigada a lidar com os fantasmas do passado.
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