Com recepção calorosa, a 56ª edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro teve inicio neste sábado (9/12), no Cine Brasília. Com homenagens a Antonio Pitanga, Dácia Ibiapina e Maria Coeli, o evento misturou cinema, justiça social e alegria neste que é um dos mais importantes festivais de cinema do Brasil.
Antes da apresentação do festival começar, o movimento de percussão mundial com protagonismo feminino Batalá Brasília, recepcionou a plateia.
Os atores Gabriela Correa e Rocco Pitanga são os responsáveis por apresentar o evento e prestar as homenagens. Os primeiros a serem reconhecidos foram personagens que não estão mais entre nós: Elmar Umberto e André Luís da Cunha. Após anunciarem os homenageados, a plateia lembrou e gritou os nomes de Hugo Rodas e Alexandre Ribondi.
O prêmio ABCV prestigiou Maria Coeli, que fez um discurso afetuoso que contagiou o público. Anna Karina de Carvalho, diretora artística do festival, também discursou.
Ganhadora da Medalha Paulo Emílio, Dácia Ibiapina, falou sobre a história do curso de cinema de Brasília, mas impactou o público quando falou sobre Vladimir Carvalho. Dácia sinalizou a importância de acolherem o acervo do cineasta e ressaltou as contribuições de Vladimir para o cinema.
Por último, Cláudio Abrantes, secretário de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal, destacou que, para o ano que vem, o audiovisual brasileiro pode contar com o investimento do Fundo de Apoio à Cultura (FAC). Ele enalteceu a importância de festivais e afirmou apoiar a restauração e a valorização do acervo de Vladimir Carvalho. “A luta é de todos nós”, enfatizou.
Antônio Pitanga
Grande nome do cinema brasileiro, Antônio Pitanga, foi um dos homenageados pelo Festival de Cinema, aos 84 anos e com 70 filmes. Com um discurso emocionante, o ator agradeceu à cidade, ao cinema, à juventude da UnB e ao próprio festival.
Antônio Pitanga também relembrou o nascimento do Festival de Brasília, que foi criado no período da ditadura e, para ele, hoje carrega a história do cinema brasileiro. Após explicitar a admiração por Vladimir e por todos que foram resistência no cinema em Brasília, o ator finalizou enaltecendo o evento e foi ovacionado de pé pelo público. O ator também foi recebeu uma homenagem emocionada de Elisa Lucinda.
Estreia brasileira: Ninguém sai vivo daqui
Neste sábado (9/12), o Cine Brasília foi palco da estreia brasileira do filme Ninguém sai vivo daqui. Baseado em fatos reais, a produção se passa no começo dos anos 1970 e conta a história de Elisa, jovem que engravida e é internada à força no Hospital Psiquiátrico Colônia, em Minas Gerais. Após ser vítima de muitos abusos, a garota se une às outras colegas para lutarem por uma forma de fugir daquele ambiente, que mais parece um inferno na terra.
“É uma história pesadíssima e super necessária, porque as pessoas não contam as histórias do nosso país. Contam apenas alegrias e o brasileiro tem uma mania esquisita de esquecer as coisas”, explica Fernanda Marques, jovem que da vida à personagem Elisa. “É um sonho, desde que eu comecei a fazer teatro, estrear, fazer um filme num festival, estar num festival”, enfatiza.
Para o diretor do longa, André Ristum, o momento também é muito especial. Não só por ser a estreia do filme no Brasil, mas por ser a primeira vez que uma produção dele participa da abertura de um festival. “Quem faz cinema no Brasil já esteve em Brasília em algum momento. Então, é de fato um lugar onde reúne-se tudo do cinema brasileiro. É um festival fundamental e que tem que ter o carinho e o apoio necessário”, diz.
Por outro lado, essa é a quinta vez que Dirceu Lustosa integra a equipe de um filme que abre o festival. Na produção da vez, ele foi colorista e responsável pela imagem, ou seja, todo o processo de tratamento da fotografia, dando cor e textura. Com filmes no catálogo do festival por cerca de 30 anos, ele ressalta a importância do evento para o cinema brasileiro. “O festival tem que permanecer sendo essa frente, essa janela de exibição, de divulgação, de atenção para o filme brasileiro”, explica.
Dirceu ainda destaca a esperança para que o festival se mantenha nos trilhos e não deixe esvair a longa história de resistência que carrega. “Eu vejo que ele está acontecendo num momento muito tardio do ano, por questões de dinheiro, questões políticas, enfim, espero que ele consiga sustentar o espaço de atenção que ele cativou ao longo dessas décadas todas e manter a história do festival, a chama acesa para os próximos anos”, explica.
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