Em 2011, aos 14 anos, Hariel Denaro sonhava em conquistar uma carreira de artista. O sonho de ser MC começou com vídeos no qual o artista gravava rimas, medleys e versos ao som de batidas improvisadas na zona leste de São Paulo. Três anos depois, em 2014, o cantor ganhou destaque no cenário paulista ao lançar o hit Passei sorrindo e desde então, emplacou um sucesso após o outro e se tornou um dos maiores nomes do funk brasileiro.
O MC construiu uma carreira musical consolidada com composições baseadas em visões políticas e realistas da vida, vivências, superações e no amor pelo Corinthians. Sua marca registrada é a sonoridade e a diversidade musical, onde Haridade, como é conhecido, explora inúmeras vertentes do funk, que o possibilita mesclar e transitar entre variados estilos musicais. “Eu acredito que sou aquele jogador no campo que gosta de se posicionar onde tem espaço sobrando, que não gosta de ficar disputando. Não gosto de criar disputa em cima da minha arte”, conta Hariel, ao Correio.
Em novembro deste ano, o artista lançou seu terceiro trabalho de estúdio, Alma imortal, que funde o funk a diversos gêneros musicais, no qual o funkeiro entrelaça com facilidade ritmos urbanos como o trap, jerseyclub, boombap e reggaeton ao flow do funk. “Esse disco me permitiu mostrar o que eu gosto mesmo de fazer, o que eu gosto de cantar. Me permitiu compartilhar ideias que eu quero acrescentar na sociedade, ideias que eu quero acrescentar na minha geração”, afirma o MC.
Hariel produziu o álbum com sete faixas que representam sentimentos de momentos variados da própria vida. “Cada música tem uma data, então cada data é um sentimento. Tem música ali que é de 2021, tem letra ali que é de 2022, e outras fiz exclusivamente pro álbum”, explica Haridade.
O disco convida o público a uma reflexão subversiva sobre a essência da vida, o autoconhecimento e a forma com que a superficialidade afeta das escolhas mais banais às mais decisivas do cotidiano. Nesse contexto, o projeto apresenta uma série de interlúdios que unificados criam um manifesto de ideias reforçadas em cada uma das composições. “A mensagem central do álbum é evolução, esperança e autoconhecimento. O objetivo é fazer com que as pessoas consigam se conhecer através dos questionamentos, conhecer a nossa alma, conhecer a nossa essência” explica Hariel.
Proporção do funk
Originado nas comunidades de São Paulo e Rio de Janeiro, o funk surgiu pela necessidade de ilustrar a realidade das periferias. E por isso e entre outras razões, o funk representa a identidade da cultura brasileira e se estabeleceu como um dos maiores movimentos musicais do país. A ascensão do funk não é recente. O gênero faz sucesso há décadas não só em solo nacional, mas também internacional. “Acredito que o funk é como se fosse o rock pros jovens nos anos 80. O funk é uma febre, o trap e o rap são uma febre", observa o MC.
MC Hariel é um dos responsáveis por consolidar e criar espaço para o gênero. Em setembro desse ano o cantor abriu o palco principal do festival The Town ao lado de MC Ryan SP e MC Cabelinho. “Eu acredito que a minha música é como se fosse um trabalho de base. O funk hoje em dia tá conquistando espaço, tá conquistando terreno, tá conquistando liberdade não só financeira como liberdade para um estudo. Hoje em dia já não é mais estranho ver um MC no Theatro Municipal de São Paulo, abrindo um palco do The Town, já não é mais tão estranho ver o funk, o trap, o rap invadindo os lugares”, afirma o cantor.
Apesar de estar conquistando espaço e visibilidade, o artista relatou ao Correio o preconceito que o funk, os MCs e a cultura do gênero sofrem atualmente. “A sociedade aceita, como aceita todos os outros preconceitos existentes, guardando mais para si. Mas se a gente for entrar a fundo, onde não tiver ninguém olhando, ninguém gravando, as pessoas vão ser preconceituosas e vão falar o que pensam. E geralmente, o que elas acham, é sempre uma coisa contrária ao que realmente é o funk”, observa Hariel.
Hariel explica que o funk resiste à discriminação, ao colocar o genêro no top 1 dos charts por dois meses seguidos. “Hoje em dia, já não é mais necessário mudar a cabeça dessas pessoas. Nós só temos que fazer o nosso trabalho e provar com música, com atitude, com projetos, com chart, através disso que eles veem. Você vê que atualmente o funk tá aí há dois meses no top 1 e é gratificante porque, de certa forma, silencia as críticas dessas pessoas", adiciona o MC.
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