Ficar mais de uma hora numa fila por um button. Renovar os votos de casamento rodeado de pessoas fantasiadas de heróis, feiticeiros e monstros. E até circular pelos corredores empurrando carrinho com bebezinho. Isso tudo pode valer a pena se você é um apaixonado por cultura pop na CCXP.
Foi isso e um tantão mais que encontrou quem foi ao festival na quinta-feira (30/11), primeiro dia oficial do evento. Apesar do alto fluxo de pessoas, era visível pelos espaços livres entre os estandes que o ápice de público ainda não chegou. Mas, também, uma quinta-feira. É natural menos gente.
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Isso, aliás, foi o que atraiu diversos casais a trazerem os bebês para a CCXP. Não raro, entre os pavilhões, as pequenas figurinhas rechonchudas apareciam acompanhadas dos pais. E a experiência era boa. "É uma delícia vir com bebê", disse a analista de planejamento Thais Mesquita, que foi grávida à CCXP de 2022 e agora voltou com neném.
"Tem infraestrutura para tudo isso. Na verdade, para a gente é como se fosse o Natal do nerd. A gente espera por esse momento o ano inteiro", completou a analista. Ao lado, Ruan, o pai corrobora. "Está sendo ótimo", afirmou o professor de educação física. "Todo mundo passa e baba. Eu fico acompanhando."
Eles contam que conseguiram até entrar em ativações, como são chamadas as atividades que ocorrem dentro dos estandes das marcas. "Em algumas ele consegue participar, interage junto com a gente. Outras não, mas está sendo uma maravilha", comemora.
Já Tiago Bezerra de Magalhães, foi com a mulher, o afilhado pré-adolescente e o bebezinho de colo para compartilhar do amor pela cultura pop. "E meu primeiro filho. Trazer ele para mim é uma alegria, eu gosto muito disso. Venho todos os anos, desde o primeiro eu estou aqui. É uma felicidade enorme", conta o pai, que é coordenador de treinamento.
Do topo da experiência de frequentar as dez edições da CCXP, Tiago avaliou que o festival estava relativamente vazio no meio da tarde, em comparação com o que conhece do evento. Ainda não tinha entrado em estandes com o bebê, porém afirmou que tentaria se encontrasse algum interessante.
Mas quem levou a neném para dentro até do Palco Thunder, o maior - e mais barulhento - da feira, foi o servidor público Fernando Andrade. Acompanhado da mulher, a engenheira Sofia Busico, eles empurravam o carrinho da pequena e esperta Alice, de um ano e dois meses.
"É muito estímulo, muita luz e muito som, só que ela está lidando super bem. Está super interessada, querendo interagir, participar. Ela é muito curiosa", conta o pai, que reforça que para se locomover com ela pelo pavilhão reduz a velocidade e redobra os cuidados.
"Está fácil porque as pessoas abrem caminho, tem acessibilidade", aponta. Uma vantagem, é que pessoas com crianças de colo têm acesso preferencial em todos os espaços da CCXP.
Só que Fernando vai voltar sozinho nesta sexta-feira, 1. "Para poder aproveitar mais", diz. O que faz sentido, porque a tendência é o público só aumentar. Os efeitos, já começaram a ser sentidos na quinta.
Calor e filas
Por vezes o pavilhão da São Paulo Expo ficava um tanto abafado e quente. Nem o robusto sistema de condicionamento de ar foi capaz de manter o espaço fresco 100% do tempo. E o principal sintoma da feira era percebido facilmente: as filas.
Não na entrada. O fluxo desde a abertura dos portões, ao meio-dia, foi muito tranquilo. Acessos organizados e sem tumultos. Mas tentar um lugar nas ativações podia ser um calvário.
"Eu fiquei duas horas aqui", disse o estagiário de TI, Eduardo Silveira Alves, que acabava de descer um enorme escorregador inflável para ganhar um brinde. Apesar disso, a organização do espaço foi inteligente: transformou a própria fila em um jogo de tabuleiro.
No alto, um telão exibia um dado que girava e mostrava um número. Quem estivesse na casa correspondendo do tabuleiro da fila ganhava um prêmio - que poderia ser de furar a fila e passar na frente a um videogame.
Eduardo ganhou somente uma camiseta após a maratona, mas não achou ruim. "Um menino ganhou um controle do Xbox ali, então talvez valesse a pena. Com certeza amanhã eu volto aqui", cravou.
Outro que empenhou bastante tempo do dia em fila foi o estagiário de marketing Gustavo Genaro. Foi cerca de uma hora até entrar na ativação, que durou cerca de vinte minutos. "Acho que valeu muito a pena. Está bem tipo fiel ao jogo, todo um estilo anos 50, pós-apocalíptico ", avaliou. De brinde na saída, um pin de prender na roupa.
Há também estúdios de cinema organizando a fila online, liberando horários de marcação periodicamente. O sistema funciona, mas também tem gargalos: a concorrência feroz dos participantes, problemas técnicos e até mesmo restrições da rede de dados e de bateria dos dispositivos.
"Eu prefiro o sistema de fila. Por mais junte muito público a gente tem acesso. Foi uma dificuldade achar o site de agendamento", afirma a estudante Ana Clara Silva.
Casamento
Quem não teve que enfrentar fila foi o casal Lucas Monteiro e Beatriz Fontes de Oliveira Alves. Os lugares deles estavam reservados do altar fictício montado no estande de uma plataforma de streaming para a celebração do casamento deles. Mas calma, era só simbólico.
Os dois são fãs de Harry Potter e foram os primeiros a declararem o "sim" do enlace em uma CCXP. Mais tarde, outros casais também puderam participar da ação com trajes temáticos e sair de lá com um certificado de casamento - de brincadeirinha -, foto impressa e lembrancinhas.
Lucas e Beatriz já são casados de papel passado há quase cinco anos. Eles viram a oportunidade como uma renovação de votos. "Foi muito nostálgico e é sempre muito emocionante descer as escadas vestida de noiva", disse Beatriz, que usava um vestido branco, coberto com uma capa de bruxa e cachecol da Grifinória.
"Foi muito legal ter outras pessoas presentes também, tão fãs de Harry Potter quanto a gente. Foi uma experiência bem diferente do primeiro casamento e emocionante também", contou Lucas, que é youtuber de cultura pop. O celebrante foi Thiego Novais, que também é youtuber, mas especializado em Harry Potter.
Ao final, teve até arremesso de buquê.
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