Cigano é não um apelido que acompanha Pablo Morais à toa. Natural de Goiânia, o ator, modelo e músico — que nunca foi picado pelo mosquitinho do sertanejo — mudou-se ainda garoto para o Rio de Janeiro, onde circulou por diversas tribos, sem se fixar em nenhuma delas. Com a brasilidade à flor da pele, foi descoberto pela moda na adolescência e embarcou para Nova Iorque aos 18 anos, onde fez diversos trabalhos para marcas e fotógrafos de renome no circuito. De volta ao Brasil, lançou-se como ator — ofício que iniciou lá atrás, no grupo Nós do Morro —, emendando, de 2012 para cá, oito produções na tevê.
Durante a jornada, a música sempre caminhava ao seu lado. Pablo teve banda, saía das gravações nos estúdios da Globo no Jardim Botânico para participar de batalhas de rapem periferias — paixão que nasceu ainda na favela da capital goiana onde foi criado — e gravou músicas até com Seu Jorge, com quem se orgulha de ter uma amizade desde os 17 anos de idade.
Essa miscelânea cultural e artística está representada no EP que Pablo Morais lançou nesta sexta-feira (24/11). Com o nome de Cigano, o projeto pra lá de autoral — lançado no Brasil pela Virgin Music e já disponível nas plataformas — vem com a proposta de rap de mensagem, falando de amor e superação, em quatro love songs que apresentam um funk trap mais dançante. Nessa empreitada, o músico literalmente se jogou na pista: ele compôs — algo que ama fazer —, cantou e acompanhou toda a engenharia.
"A minha essência está toda ali", afirmou o goiano com sangue de índio, criado em uma invasão na divida entre as cidades de Goiânia e Senador Canedo, em entrevista ao Correio, enquanto preparava um café quente para enganar o frio matinal de outono na cidade de Nova Iorque.
Pablo está na Big Apple desde agosto do ano passado, após concluir a participação na novela Além da ilusão (2022). Embora tenha estado nos Estados Unidos diversas vezes em temporadas de trabalho, agora, pela primeira vez, desembarcou para ser um cidadão.
Uma coisa só
O Cigano das quebradas musicais se define como artista, sem rotular uma única camada. "Canto, danço e represento, e é uma coisa única. Estar em um lugar só é muito valorizado no Brasil, mas eu me espelho muito em pessoas que diversificam e mostram um leque mais aberto de possibilidades, como o Seu Jorge, um dos meus maiores exemplos e quem eu conheço desde os 17 anos", argumentou.
Para Pablo, a função artística é um movimento social e coletivo. "Não dá para viver apenas de engajamento, como nos tempos atuais. A arte veio do povo e para o povo, então, esse lugar de cuidado com o público é genuíno e traz resultados. A gente trabalha para aflorar sentimentos que no dia a dia são sufocados, então se prender a uma frente apenas por quê?", ele questionou.
No cinema
Este mês de novembro é especial para o goiano. Além do lançamento do EP, ele está no elenco de Poliana, o filme. A versão cinematográfica da novela As aventuras de Poliana, que ficou cinco anos no ar, com mais de 800 capítulos, chega às telas de todo o país no dia 30. Na produção teen, Pablo dá vida a um vilão chamado Leo.
Como ator, também poderá ser visto no cinema em Meu sangue ferve por você, que conta a história de Sidney Magal. No filme, liberado apenas para dois festivais no Rio e em São Paulo, estreia somente em março de 2024. Dirigido por Paulo Machiline, a produção conta a história de amor entre Magal (Felipe Bragança) e sua esposa Magali (Giovana Cordeiro).
"Eu interpreto o Claudinho, um bêbado e rival de Magal. O personagem vem com um estereótipo tóxico, dentro de um universo magalesco, romântico, e me colocou num lugar um legal, por ser soteropolitano, de criar prosódia e linguagem corporal", relatou ele, que se orgulha de ter o nome na lista técnica de uma obra que ganhou um Emmy Internacional.
Na premiada Malhação Viva a diferença, de 2017, Pablo foi Deco, personagem pelo qual ainda é reconhecido nas ruas. Na sequência, Pablo foi convidado para integrar o elenco de Segundo sol (2018), novela de João Emanuel Carneiro em que teve a oportunidade de entrar como parte de um núcleo cômico ao lado de Thalita Carauta e Luís Lobianco e sair com uma trama mais dramática, contracenando com Adriana Esteves e Chay Suede. "Foi uma curva de evolução interessante", resumiu.
Nova Iorque
O artista, que completou 30 anos em fevereiro, deu um glow up na carreira, com o objetivo de mirar o mundo. Após algumas passagens rápidas por Nova Iorque no passaporte, Pablo decidiu se mudar para a cidade, sem pretensão de retornar ao Brasil tão cedo. "Não consigo voltar. Pretendo ficar pelos EUA, quero trabalhar em produções americanas, campanhas, clipes, chegar em Hollywood. Vim para me aperfeiçoar, já tenho agente por aqui", contou Morais, que não nega a inspiração em Rodrigo Santoro, com quem trabalhou na primeira fase da novela Velho Chico, em 2016.
Aquariano com ascendente em Aquário, o goianiense quer não somente deixar o seu inglês mais afiado, mas também entender melhor a cultura estadunidense para criar uma personagem mais firme quando surgir. "Já dizia Shakespeare: estar pronto é tudo", concluiu ele, que também está em estúdio produzindo mais música e segue fazendo campanhas de moda e ficou recentemente na Times Square em seis telas ao mesmo tempo. "Amo esse processo de criar e esta cidade me inspira muito", finalizou.
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