Argentina

Política marca primeiro show de Taylor Swift na Argentina

Nos arredores do estádio, havia cartazes da "The Eras Tour" com a figura de Sergio Massa substituindo a de Taylor Swift e com a legenda "Massa, the presidential tour" ('Massa, a turnê presidencial')

Cartazes com "Swiftie não vota no Milei" estampam as paredes do Estádio Monumental, em Buenos Aires, onde a lenda do pop Taylor Swift iniciou na quinta-feira (9/11) o primeiro dos seus três shows no país, enquanto uma polarização cresce dias antes das eleições presidenciais disputadas por Sergio Massa e Javier Milei.

Milhares de pessoas esperaram desde o amanhecer a abertura dos portões, cantando sob um dia ensolarado de primavera e compartilhando suas "friendship bracelets" - pulseiras da amizade que fazem parte da cultura swiftie (coletivo de fãs da cantora).

Além das fantasias que faziam alusões a momentos da carreira de Swift, uma camisa da seleção da Argentina estampava o número 13 - número da sorte da cantora - e o nome Swift. "Traí o Messi um pouquinho, nada demais", contou Sofía Ranui, de 21 anos, que vestia o uniforme.

Emiliano Lasalvia / AFP -

"Argentina é política e futebol, e não dá para separar. Você percebe quando vê os cartazes de Massa e Milei, que aproveitaram que está na moda. Estando tão perto das eleições, eles vão ver onde está o foco de atenção e vão fincar os dentes", argumentou a swiftie.

Poucos dias antes do concerto, um grupo de fãs divulgou um comunicado na rede social X (antigo Twitter) contra Milei, candidato libertário e de extrema direita que compete com o ministro da Economia peronista, Massa, nas eleições presidenciais de 19 de novembro.

Milei "é o representante da direita antidemocrática que quer nos tirar todos os nossos direitos adquiridos", expressou o grupo através de uma conta, que foi suspensa por motivos desconhecidos.

Nos arredores do estádio, havia cartazes da "The Eras Tour" com a figura de Sergio Massa substituindo a de Taylor Swift e com a legenda "Massa, the presidential tour" ('Massa, a turnê presidencial').

Como reflexo da polarização política na Argentina, alguns dos pôsteres que diziam "Swiftie não vota no Milei" tiveram a palavra 'não' riscada, outras foram rabiscadas com "#MileiÉTrump".

"Ela é contra Trump e tudo o que Trump representa, que é um ser machista", disse Miriam Monllau, uma fã de Swift de 31 anos que parou para fotografar um dos cartazes e destacou que "as ideias de Taylor vão contra o que Milei seria".

Uma canção para cada momento

Buenos Aires é a segunda parte da turnê de Swift na América Latina, depois do México e antes do Brasil. Fãs do Uruguai, Chile, Paraguai, Peru e Venezuela viajaram para vê-la no Monumental.

"Se você está triste, perdeu alguém, conheceu alguém novo, se está feliz ou triste, Taylor tem uma música para isso", comentou entusiasticamente Milena Núñez, de 23 anos, que viajou de Montevidéu para assistir ao show em Buenos Aires.

Para quem acampava no Monumental, em alguns casos há meses, o dia do espetáculo foi o ponto alto: Julieta Zavala, de 24 anos, estava desde 31 de maio na fila, antes mesmo da confirmação das datas dos shows.

Com um grupo de 30 pessoas, fizeram turnos para garantir os primeiros lugares da fila.

Depois de muitos dias de tensão política, Sofia Ranui tem certeza de que vai aproveitar o show.

"Talvez o país não esteja em seu melhor momento, ou nunca tenha estado. Então fazemos pulseiras, não pensamos nas eleições, vestimos coisas brilhantes (...), ficamos felizes, porque depois desses três dias essa nuvem que sempre paira sobre os argentinos vai voltar", explica Ranui.

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