O artista francês Romain Dumesnil traz para a Galeria Karla Osorio, em Brasília, sua mais nova exposição individual, denominada MAGMA. A instalação busca, por meio das obras, retratar a visão do autor sobre toda a geometria natural e artificial existente na natureza. Com a utilização de materiais naturais, tais como argila crua, areia, mármore e mais, o artista busca relacionar as obras com as formas da capital do país.
De acordo com Dumesnil, o objetivo da exposição é reunir diversos trabalhos de pinturas que são da mesma série e linha de pesquisa. São obras frutos de estudados realizados pelo artista desde 2015. "A ideia básica surge da produção de composições geométricas que são produzidas a partir de um algoritmo, ou seja, um sistema tecnológico influenciado e informado por dados atmosféricos e climáticos", explica. Para tornar as obras ainda mais diferenciadas, ele substitui a tradicional tela de algodão ou linho por fibra vegetal.
"O conjunto de trabalhos é composto desses materiais naturais e dessas composições geométricas e abstratas criadas inicialmente através desse algoritmo. Essa forma de trabalhar é um método de cruzar materiais e fenômenos naturais com elementos artificiais e tecnológicos", completa o artista. Ele ressalta que implementou essa linha de trabalho após sair da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, e ao dar início à sua pesquisa. Compreender as relações entre os elementos criados pelos humanos e os produzidos pela natureza é um dos objetivos do trabalho.
O francês expõe o motivo de seu interesse por argila e matéria-prima natural. "São materiais que eu utilizo há alguns anos. Eu tenho interesse por esses elementos desde muito criança. Acredito que, dentro do mineral, acontecem coisas muito interessantes. Além de achar muita informação, esses minerais carregam uma certa história e energia simbólica", afirma.
Segundo o artista, Brasília e os materiais orgânicos se conectam pela geometria presente na natureza. Ele se interessa muito pela capital, especialmente pelo fato de ser uma cidade construída sem um sistema pré-urbano. "Ela me interessa por ser esse fenômeno completamente fora do padrão, que é uma instalação humana, em um lugar que era completamente natural. Brasília tem essa arquitetura modernista, onde as formas geométricas estão muito presentes. Ela tem uma característica de que realmente é uma cidade única no mundo, combinando a presença urbana com o meio natural muito preservado", reforça.
O artista explica que o título MAGMA tem um significado muito importante e reflexivo. Segundo ele, esse mineral viscoso e fluido representa algo especial: "Simbolicamente, para mim, ele representa um pouco dessa fluidez e desse encontro que eu estou buscando entre dinâmicas naturais e tecnológicas e o cruzamento desses mundos que parecem que não poderiam se encontrar, mas ao mesmo tempo são frutos de um mesmo fenômeno e da mesma materialidade".
Romain Dumesnil acredita que a exposição é também uma maneira de refletir sobre o lugar do homem na natureza. "Que essa exposição de arte seja um momento de repensar nossa relação com o mundo lá fora, o mundo natural, e ter uma relação mais harmônica com ele".
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
Serviço
MAGMA
De Romain Dumesnil. Visitação até 14 de fevereiro, das 17h às 21h, na Galeria Karla Osorio (SMDB, conjunto 31, lote B, Lago Sul)
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