Mateus Solano e Juliano Cazarré falam da relação com Brasília

Mateus Solano e Juliano Cazarré comentam sobre relação com Brasília - (crédito: Ricardo Penna/ Fabio Rocha)

Patrick Selvatti

Subeditor

Jornalista formado no Sul de Minas, com atuação de 20 anos em Brasília

postado em 26/11/2023 00:01 / atualizado em 26/11/2023 11:32

Por ser a sede da capital administrativa e política do país, Brasília tem uma característica ímpar. Ao longo desses quase 64 anos, muita gente de fora passou por aqui, fixando residência temporária ou permanente. Dessa forma, existem muitos brasilienses que nasceram durante a passagem dos pais e outros que são naturais de outras localidades, mas escolheram o Distrito Federal como lar.

Filho pródigo

Mateus Solano faz parte do primeiro grupo. Filho de um diplomata que atuou em Brasília, veio ao mundo em março de 1981, na nova capital da República, mas passou por outras localidades, como Washington e Lisboa, antes de fixar residência no Rio de Janeiro. "Costumo dizer que sou filho pródigo de Brasília", brincou o ator, que está no ar na novela Elas por elas, da Globo, em entrevista ao Correio.

Mateus Solano como Guilherme em Quanto mais vida, melhor! (foto: Fabio Rocha/ TV Globo)

Dono de uma carreira bem-sucedida, que começou há quase 20 anos, quando interpretou Stuart Angel no documentário-drama Linha direta, Mateus conta que sua jornada é repleta de diferentes personagens, nos quais tem a possibilidade de exercitar suas ferramentas e fazer o que escolheu para a vida. Ele já foi cunhado de JK na série de 2006 gravada na capital; o produtor musical Ronaldo Bôscoli na minissérie sobre a cantora Maysa (2009); gêmeos idênticos em Viver a vida (2009); um cientista aloprado em Morde & assopra (2011); e até encarnou o emblemático Zé Bonitinho em várias temporadas da Nova Escolinha do Professor Raimundo — tudo na Globo.

Nessas duas décadas, porém, esse é o primeiro folhetim das seis. Para Solano, tem sido "muito gostoso" fazer novela nesse horário. "Depois de assistirmos ao primeiro capítulo de Elas por elas, ao voltar para casa, fiquei impressionado que ainda eram 20h", diverte-se o intérprete de Jonas, que está no centro do triângulo amoroso entre Adriana (Thalita Carauta) e Helena (Isabel Teixeira).

Não dá para conversar com Mateus Solano sem falar de Félix, o icônico personagem de Amor à vida (2013), sempre lembrado pelo carisma junto ao público. O antagonista da novela de Walcyr Carrasco teve atitudes horrendas, como jogar a sobrinha recém-nascida na lata de lixo, mas experimentou uma curva de redenção ao longo da trama, tornando-se um dos queridinhos da audiência. Para o ator, é possível um ser humano que teve atitudes tão cruéis se redimir. "Como seres humanos, temos a capacidade de refletir. E creio que este é nosso maior dever na vida: estamos sempre dispostos a mudar", defende.

O pai de Flora e Benjamin acredita, porém, que a transformação depende muito dos outros. "Numa época de cancelamento e de polarização, fica difícil entender que as pessoas podem mudar para melhor. Como artista, através dos projetos que escolho fazer, tenho, sim, essa intenção de mostrar que o ser humano é um animal capaz de mudar e evoluir para melhor", conclui Mateus, que é casado desde 2008 com a também atriz Paula Braun.

Cria da capital

Na contramão do colega Mateus Solano, Juliano Cazarré não nasceu em Brasília, mas escolheu a cidade para chamar de sua. Natural de Pelotas, o gaúcho de 43 anos chegou recém-nascido à capital federal e foi aqui que se criou. Formado pela Universidade de Brasília (UnB), o ator é cria de Hugo Rodas, o aclamado diretor teatral uruguaio, também radicado em Brasília, onde viveu até morrer, em abril do ano passado. Aqui, iniciou a carreira, conheceu a esposa, Letícia, e teve os dois primeiros filhos.

Alcides (Juliano Cazarré) em Pantanal — Alcides (Juliano Cazarré), em Pantanal (foto: Divulgação/TV Globo)

Quando despontou para a fama, em Avenida Brasil (2012), ainda manteve na Asa Norte a sua residência oficial — ia para o Rio para gravar e retornava para ficar com a família. Até ser escalado, já no ano seguinte, para o primeiro protagonista, o vilão Ninho, de Amor à vida. Por conta do ritmo intenso de gravações, precisou transferir oficialmente o CEP, instalando-se com a esposa e os filhos.

No ar em Fuzuê, assim como Mateus Solano, Cazarré também estreia em uma nova faixa — após vários trabalhos às 21h, como O outro lado do paraíso (2017) e Pantanal (2022), chegou ao horário das 19h. "Tem uma leveza, mas eu tive sorte de fazer alguns personagens mais leves também no horário nobre. O Pascal era um cara que eu tinha vontade de fazer, porque ele se veste bem, é refinado por fora, ainda que seja ruim por dentro. E agora é um horário em que as crianças em casa também pode assistir", contou ele em entrevista, que tem cinco filhos e está à espera do sexto.

Morando há 10 anos no Rio, a relação com Brasília ainda é muito forte. Com a família vivendo na capital, Juliano vem sempre — como em agosto, quando comemoraram o aniversário de 70 anos do pai, o escritor Lourenço Cazarré. "É sempre muito bom voltar para casa, porque é assim que eu vejo a cidade que me formou. E toda vez que eu volto para o Rio fico me perguntando se não daria para viver em Brasília e continuar trabalhando aqui. É um lugar mais tranquilo e seguro para viver e criar meus filhos", comentou.

O ator lamenta não ter tanto tempo para curtir a capital federal quando vem. Se tivesse, ele garantiu que, com certeza, daria um pulo na Água Mineral, beberia uma cerveja gelada no Beirute, chegaria na beira do Lago Paranoá para um banho e também esticaria até a Chapada dos Veadeiros para curtir o que de melhor o cerrado tem a oferecer. "Brasília é um lugar que eu amo muito", resumiu.