Nascido e criado em Praia Grande (SP), no bairro Jardim Melvi, o produtor musical Murillo Oliveira Santos, conhecido artisticamente como DJ MU540, têm cada vez mais se destacado e influenciado o cenário musical. Com mais de 1 milhão de ouvintes mensais no Spotify e dono de hits como Preto e dinheiro, Mandrake e o EP, Um quebrada inteligente, em parceria com o rapper Kyan, o artista inova com suas mixagens únicas e beats diferenciados.
Em entrevista ao Correio, MU540 relata de onde surgiu a ideia de começar a produzir e trabalhar com gêneros musicais. Ele afirma que tinha facilidade em mixar e, na época, por falta de recursos, não havia produtores onde ele morava, com isso o artista otimizou o pouco que tinha para começar a se dedicar à música.
“Eu vi que era fácil e, na época, ninguém sabia fazer, ninguém era produtor onde eu morava, até porque ninguém tinha recurso. Eu comecei tentando otimizar os recursos que eu tinha, que era o PC da minha tia, depois eu consegui começar a trabalhar no meu próprio PC. E deu bom, eu vi que ninguém ia conseguir fazer se não fosse eu. Eu vi que eu podia manipular a música do jeito que eu quisesse, se eu produzisse não precisaria ter um vocal, eu não precisaria saber cantar, nem saber tocar, precisaria só fazer barulho” relatou o produtor.
O DJ ainda explicou como surgiu o nome MU540, que se pronuncia “Muzão”: “eu já era Muzão desde os 13, o nome veio de jogo on-line. Um dia, um parceiro confundiu o apelido do jogo com o meu nome e me chamou de Muzão. Aí o apelido pegou”.
Anos depois, ele ressignificou o apelido e o adotou como nome artístico. “Aconteceu depois de uma aula de matemática que foi muito importante pra mim. Eu perguntei pro professor como eu ia aplicar senóide, cossenóide e ângulo na vida. Aí ele me mostrou como e onde eu ia usar, me mostrou como tudo era vibração. Aí eu acabei ressignificando isso pra minha vida toda. Aos 16 anos, eu mudei meu nome e coloquei Muzão, com 540, como se eu tivesse uma ótica um pouco mais avançada que as pessoas que enxergavam só uma volta completa”.
Processo Criativo
Desde o início de sua carreira, Murillo se sobressai pelo processo criativo autêntico. Os sets são completamente diferentes dos demais produtores. Ele afirma que as combinações entre estilos tão diversos são totalmente instintivas e inspiradas no local de onde veio.
“Não tem um plano, não tem um negócio que faça funcionar, sou eu. Eu não sei o que fazer na hora, vou só apertando o play e vendo o que sai. É totalmente instintivo”, diz. “Os beats e o funk da Baixada Santista são tudo sem perna e cabeça, mas ele tem uma ordem. Os beats são totalmente loucos, assim como os meus” adiciona o DJ.
O produtor ainda destaca a importância da autenticidade no cenário musical: “não tem problema ser você. Você tem que se permitir. E se permitir ser um trabalhador. Permitir ser real, porque hoje em dia eu vejo que o pessoal só pensa em vender. E se você fizer direito, você não precisa vender”.
“A gente tem uma indústria que suga muito os artistas, a minha música é o contraponto disso” acrescentou Murillo.
Parceria com o rapper Kyan
A parceria surgiu anos atrás por meio de dois amigos de Muzão que conheciam o rapper. Desde então, os dois firmaram a colaboração e produziram inúmeras músicas de sucesso no cenário musical paulista, como Mandrake, Tropa da Lacoste e Menor Magrinho. “A gente é parceiro de música até hoje, parceiro de vários projetos. A gente faz bastante coisa, mas independentes. Eu sou uma pessoa, ele é outra pessoa, mas quando a gente se junta, dá bom”.
Em julho deste ano, MU540 e Kyan se juntaram e lançaram o EP que mescla house, drill e funk, Um quebrada inteligente.
Influência
Precursor desse novo estilo que vem se manifestando no país, MU540 enxerga a influência que produz como uma forma de continuação do seu trabalho. O artista afirmou se sentir só no início da carreira e que agora sente-se aliviado em poder ver a mistura de estilos musicais crescendo.
“Agora eu vejo que consigo respirar um pouco mais. Tipo, eu vejo que tem uns moleques querendo fazer o mesmo, querendo evoluir e agora eu consigo respirar porque eu vejo que tem outros dando continuidade. Agora eu não me sinto tão sozinho”, explica.
O produtor ainda comenta sobre a turnê internacional que realizou em julho desse ano: “eu sempre produzi pro mundo. Então foi como se eu estivesse no Brasil. Eu faço beat, beat não tem idioma. A única coisa que eu comunico é a linguagem do funk”.
*Estagiária sob a supervisão de Nahima Maciel
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