Exposição de Christus Nóbrega homenageia mulheres e discute IA

Exposição Floricultura, de Christus Nóbrega, na Casa Albuquerque - (crédito: Cesar Rebouças)

Nahima Maciel

Repórter do Correio Braziliense desde 2000 com experiência na cobertura de Cultura, especialmente artes plásticas, literatura e teatro.

E-mail

postado em 12/10/2023 10:41

É um elogio às mulheres o que Christus Nóbrega queria fazer com a exposição Floricultura, em cartaz na galeria Casa Albuquerque. Para a homenagem, o artista partiu de uma série de personalidades femininas de diversas áreas, gente como Margarida Maria Alves, líder ruralista que deu origem à Marcha das Margaridas; e a britânica Rachel Ruysch, primeira mulher a pintar naturezas mortas com estética mais crua, cujos rostos aparecem misturados a um conjunto de fotografias e esculturas criadas a partir de inteligência artificial. "Basicamente, a exposição faz um elogio principalmente às mulheres", avisa o artista. "A exposição gira em torno da discussão da flor como tema."

Além da homenagem, Nóbrega se permite também abordar temas como a própria história da arte e o uso da tecnologia para criar as obras. "E misturo isso com outro tema da história da arte, as vanitas, ou vaidades, que eram pinturas com uma crônica social nas quais se usava muitos elementos para representar as vaidades humanas mostrando que a vida era muito frágil e delicada. Vários desses símbolos representam a fragilidade de que a vida tem fim", explica. Símbolos como bolhas de sabão e as próprias flores que dão nome à exposição aparecem nas obras criadas pelo artista como lembranças da efemeridade e da finitude da vida.

O uso de inteligência artificial tem um propósito para Christus Nóbrega. Ele prefere chamar a tecnologia de inteligência expandida. "Porque quando a gente pensa em artifício, pensa muito em uma dualidade, em humano-máquina. Partindo dessa dualidade, é fácil entender a posição. Se a gente muda a nomenclatura, muda o raciocínio de como usar a tecnologia, entendendo como uma expansão da própria inteligência humana", explica.

A inteligência artificial, segundo o artista, é também um símbolo da vaidade contemporânea capaz de colocar a própria capacidade humana em xeque. "Mas ela mostra o que a gente tem de mais humano, que é a habilidade de pensar, de fazer inferências e tirar conclusões. A IA coloca em xeque toda essa dimensão da humanidade", acredita.

Serviço

Floricultura

Exposição de Christus Nóbrega. Visitação até 28 de outubro, de segunda a sexta, das 10h às 19h,
e sábado, das 10h às 13h, na Casa Albuquerque (SHIS QI 05 bloco C loja 09).