Um dos modelos de entretenimento que mais cresce na atualidade é o podcast. Antes uma tentativa de mimetizar o rádio, o podcast foi ganhando vida própria e casos de sucesso. No entanto, alguns formatos que famosos no passado conseguiram ganhar uma nova vida, repaginada nesta onda dos podcasts de streaming. As radionovelas se tornaram áudio-séries e este ano o Spotify Brasil lançou a primeira produção original nacional da casa, França e o labirinto, protagonizada pelo ator Selton Mello.
A série, exclusiva da plataforma de streaming, acompanha Nelson França, um detetive que, após um acidente vascular cerebral (AVC), ficou cego. Ele encontra na cegueira novos caminhos para a investigação, mas, após ficar preso na ideia de um labirinto que encontra em um caso, acaba se depreciando como investigador e é convidado apenas para situações em que a polícia não consegue solucionar.
A produção é criada por Jovem Nerd e Azaghal, nomes artísticos de, respectivamente, Alexandre Ottoni e Deive Pazos, conhecidos como pioneiros dos podcasts brasileiros. A ideia era uma história que fosse um thriller, tivesse o caráter psicológico e também a cara do Brasil. Para Selton, a dupla, que também produziu e dirigiu a série, acertou na aposta. "Não tem nenhuma invenção da roda. É um thriller, um suspense, como já vimos muitos, mas é só com som. E é bem brasileiro, é a primeira áudio-série brasileira original do Spotify", exalta o protagonista. "É um trabalho também pioneiro", destaca.
O trabalho da dupla, que também é fundadora do portal Jovem Nerd, chamou a atenção do experiente Selton Mello, que confiou em tudo que era direcionado para entregar o personagem. "Eu ia fazendo, dirigido por eles, do meu jeito, como eu imaginava. Agora que eu vi pronto, foi impressionante", afirma o ator, que classifica a produção como um complexo trabalho criativo. "Exigiu muito da minha imaginação e permite muito que o público use a sua imaginação. Acho que a imaginação é uma palavra importante que paira sobre esse projeto", reflete. Chama atenção que a áudio-série deve ser ouvida nos fones, porque tem uma interessante ambientação sonora em tecnologia surround, ou seja com sons posicionados "em torno da cabeça" do ouvinte.
O protagonista França exigiu um raciocínio diferente para o ator. "O França é um personagem que eu adoraria continuar fazendo, por mim é, isso aí é só a primeira temporada, podia ter muitas outras aventuras e coisas que ele precisa desvendar e outras coisas, acho que daria. A turma que escreve é muito talentosa para isso e vontade não falta", afirma o artista, que exalta complexidade da figura que interpreta. "As pessoas respeitam ele, mas, assim, ao mesmo tempo, não querem dar muita bola pra ele", afirma. "O personagem é muito bom", conclui.
Selton também ficou conhecido como excelente dublador — um dos trabalhos mais elogiados é o de Rei Kuzco, de A nova onda do imperador. Na áudio-série, ele pôde trabalhar a voz mais uma vez, mas de uma forma mais única do que na dublagem. "Eu tenho um prazer de trabalhar com a voz. Usando a minha experiência como ator, usando só a minha voz, foi uma coisa que foi muito prazerosa", ressalta. "Eu adorei, porque é voltar a trabalhar com a voz. Que é uma coisa que adoro. A minha voz é muito marcante", completa.
Ouvindo histórias
A série França e o labirinto atesta o sucesso das áudio-séries no país. A produção esteve por mais de uma semana no top 1 entre os podcasts mais ouvidos do Spotify e não saiu do top 5 desde que foi lançado. Atualmente ocupa o quarto lugar entre os mais ouvidos do país.
Outras séries fizeram sucesso no Brasil: Paciente 63 e Batman despertar estiveram entre as mais ouvidas do país nos últimos tempos. Porém, ambas as séries são adaptações de histórias estrangeiras para o público brasileiro, França, por sua vez, é uma produção nacional que visa dar voz para os talentos nacionais. Um exemplo são as participações especiais de nomes como Igão e Mítico, do canal Podpah, e Antonio Tabet, do Porta dos Fundos.
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