Música

Pocah resgata raízes e homenageia o funk carioca em novo EP

Em entrevista ao Correio, a cantora fala sobre o sentimento nostálgico, essência da carreira e o processo criativo do novo EP

Na síntese de resgatar suas raízes no funk carioca e reverenciando o gênero mais popular do Brasil, a cantora Pocah lança o EP A braba é ela. O projeto conta com participações de grandes nomes do estilo musical, como Kevin O Chris e Mc Durrony.

Com mais de uma década de carreira, Pocah coleciona prêmios, centenas de shows e mais de 1 bilhão de reproduções nas plataformas digitais. Foi em 2011, ainda sob o nome artístico de Mc Pocahontas, que a cantora, uma jovem de Duque de Caxias, iniciou a carreira, consolidando-se como um dos mais influentes nomes do funk nacional e potência feminina no mercado musical brasileiro.

Segunda ela, toda sua jornada levou a este EP. No novo trabalho, Pocah canta sobre a vivência em Caxias, empoderamento, bailes de favela e a sensualidade feminina que deu o tom em sua carreira ao longo dos anos. O projeto bebe da sonoridade do funk, percorrendo sub-gêneros como o funk tamborzão raiz, funk melody e o trap-funk, inspirado em nomes femininos da cena, desde Gaiola das Popozudas, Mc Sabrina e Tati Quebra Barraco, até Anitta.

Em entrevista ao Correio, Pocah conta que já era um desejo antigo lançar algo em homenagem ao funk, por ser a origem de tudo na sua vida. ”Ultimamente eu estou muito nostálgica. Tudo começou na minha profissional com o funk carioca e o meu EP surgiu com a faixa A braba é ela, que eu escrevi há alguns anos e apresentei para meus fãs. Comecei a cantar a música nos meus shows e ela performou muito bem, viralizou, mas a galera ainda não tinha como escutar porque eu ainda não tinha lançado”, explica a cantora.

Depois de muitas cobranças dos fãs, veio o lançamento atrelado a toda homenagem ao funk carioca. "Eu quis fazer um EP que tivesse a minha identidade. Seja Pocah, Mc Pocahontas ou Viviane, meu passado é o mesmo. Minhas raízes seguem iguais. O funk é a origem de tudo na minha carreira. O que eu já conquistei e ainda vou conquistar é resultado direto no funk e na transformação que ele causou na minha vida. E esse trabalho fala sobre isso", ressalta.

O EP começa com Barulinho, primeiro single do projeto, lançado em julho. A faixa é um trap-funk com participações de Kevin O Chris, grande amigo de Pocah e Mc mais ouvido do Spotify atualmente. Em seguida vem Assanhadinha, a música favorita da cantora e faixa-foco do projeto, acompanhada de Mc Durrony, outro funkeiro de Duque de Caxias. Nesta música, Pocah canta de forma biográfica sobre sua juventude, onde pulava o muro de casa escondida de sua mãe para ir curtir o tradicional baile de favela. A letra é fielmente reproduzida em um clipe que acompanha o lançamento, gravado em Campos Elísio, comunidade que sedia o Baile da RQ, que Pocah frequentava antigamente.

A braba é ela segue com uma faixa homônima. A canção foi composta por Pocah em 2017, na época em que ainda atuava sob o nome de Mc Pocahontas. Mesmo já tendo sido performada em alguns shows, Pocah nunca a lançou oficialmente. Segundo ela, estava esperando o momento certo. Olha r Baba é a quarta faixa, uma mistura de funk eletrônico com o funk batidão, em que a artista revive as sensações de um baile funk.

No fim do EP, Pocah mistura funk com reggaeton em Solta-te, primeira parceria internacional da cantora com o grupo colombiano Piso 21. A boyband latina tem mais de 18 milhões de ouvintes mensais no Spotify e se junta a Pocah em uma faixa sensual que passeia entre o português e espanhol. “Essa faixa é um funk com influência de reggaeton, é um megazord. Precisava de uma pontinha atual e acho que eu fiz uma boa mistura entre a nostalgia e a atualidade”.

A linha criativa partiu do funk raiz. “Eu dei pitaco em todas as produções, para ficar minha cara mesmo. Acho que tem que ter minha identidade, fiquei totalmente satisfeita com todas as faixas, trouxemos faixas com influência tanto das minha faixas quanto das vivências do início da minha carreira, desde os beats as minha interpretações das músicas”, adiciona. “Tem músicas que eu faço vozes mais finas, de quando eu tinha 15 e 16 anos, para trazer a memória afetiva de quando eu comecei em 2013. Sempre expressei minha gratidão pelo que o funk representa e fez na minha vida. Quando eu volto a minha essência é uma grande conquista”, finaliza Pocah.

O EP chega com registros audiovisuais para todas as faixas, divididos entre clipes, dance-videos e visualizers. A captação foi feita no Rio de Janeiro, em locais como Morro do Vidigal, Duque de Caxias e a Praia da Reserva. A braba é ela é a primeira parte de um projeto duplo de Pocah. Um segundo EP está previsto para outubro, dando seguimento à uma série de lançamentos da artista até o fim de 2023.

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