fama e sociedade

É normal ficar triste com o fim de casais famosos? Especialista explica

Nesta segunda-feira (25/9), três casais de celebridades anunciaram o término do relacionamento. Internautas lamentaram as separações

Após o término de uma relação, é comum que o casal passe por momentos de tristeza, mágoa e até incompreensão. No entanto, com a popularização das redes sociais, estes sentimentos também parecem fazer parte dos corações das pessoas que sequer estão na relação. Com tantos cliques, vídeos e mensagem, a relação das celebridades extrapolam os limites das quatro paredes e afeta milhares ao longo do país.

Esta segunda-feira (25/9) foi um dia chave para mergulhar na questão. Ana Castela, 19 anos, e o cantor sertanejo Gustavo Mioto, 26, anunciaram término do namoro e logo em seguida, a cantora Paula Fernandes foi a público falar que terminou o relacionamento com o empresário Rony Cecconello. Contudo, nada movimentou tanto as redes como o fim do casamento da cantora Sandy e do músico Lucas Lima. A reação dos internautas foi avassaladora: choque e tristeza invadiram o feed dos brasileiros. Afinal, como pode um relacionamento que durou 24 anos acabar assim?

Mas é normal ficar triste com o fim do relacionamento das celebridades?

O Correio conversou com Ana Paula Ribeiro Hirakawa, psicóloga do Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim (CEJAM), para entender o porquê de internautas sentirem o relacionamento de celebridades como se fossem seus, seja em níveis de felicidade pelo casal ou tristeza e decepção pelo término.

Para a psicóloga, as pessoas famosas se encontram em um lugar muito particular, ao qual é apresentado somente aspectos bons daquele ser humano, gerando desejo. “É como se nos realizássemos naquela pessoa, como um prazer. Dessa maneira, quando famosos ao qual temos esse prazer (porque só conhecemos a parte desejável, ou seja, prazerosa) terminam, ou passam por alguma situação, é como se aquele nosso prazer fosse marcado, e, por isso, sentimos isso em nós, porque tem a ver com a fantasia e não com o real”, explica.

Ana explica ainda que esses sentimentos podem ocorrer devido a empatia. “Essa é uma questão importante, que tem dois pontos: o primeiro é o da empatia, que temos justamente por considerar aquela pessoa famosa como alguém que, na nossa fantasia, nos é próximo. Com isso sentimos empatia pelo sofrimento dele. E isso é importante, não é necessário que isso pare ou cesse”.

Para especialista, é válido ficar em alerta quando o sentimento passa a ser desproporcional e interrompe o dia a dia. “Nesse caso, podemos estar lidando com uma questão mais séria de saúde mental. Nos atendimentos com adolescentes normalmente ocorrem essas situações, que são necessárias para poder trabalhar a identificação e a identidade desse sujeito, assim como diferentes sentimentos como ciúme, medo, inveja. A partir dessas emoções podemos trabalhar as relações que o jovem tem no seu meio e como lidar com isso”, explica.

Segundo a psicóloga, tais sentimentos podem ficar mais aflorados na adolescência, momento em que se a nossa identidade e muitas vezes, buscamos em outros parte dessa identidade. “Os famosos passam a ser um lugar de reconhecimento, e ao qual o adolescente busca se reconhecer, então esse sofrimento pode ser normal. Algo que seria patológico é não conseguir diferenciar o real da fantasia, nesse caso é necessário ajuda de um profissional da saúde” pontua.

Levando em consideração que nos dias atuais somos bombardeados de informações a todo o tempo, com personagens criados para que tenhamos a sensação de que deveríamos ser diferentes, a psicóloga faz um alerta.

“Muitas vezes ficamos buscando no outro respostas para a nossa própria vida. Porém, é importante lembrar que os famosos nos apresentam uma parte deles, e, muitas vezes, é um personagem. Muitas vezes eles podem nos ajudar a lidar com situações, mas às vezes pode ocorrer o contrário, por isso, é importante conversar com as crianças e os jovens, e também pensar sobre como nós mesmos estamos lidando com essas informações. É importante se perguntar “será que eu busco os famosos para poder não olhar para a minha própria vida?”, pontua.

 

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