LITERATURA

Celebração da leitura na 1ª Festa do Livro da Universidade de Brasília

Evento reúne estandes com mais de 30 editoras e coloca a questão racial em primeiro plano, além de apresentar espaços para debates sobre literatura

Nesta semana, a Universidade de Brasília (UnB) celebra a literatura com a primeira Festa do Livro, organizada pela Editora UnB. A comemoração, que reúne leitores, livros e editoras fomenta o debate sobre a questão racial com o tema Pensadoras e autoras negras brasileiras: uma reescritura do Brasil. "Nós temos o maior prazer de convidar toda a comunidade do Distrito Federal para vir aqui conferir as nossas atividades e fazer parte dos debates que dizem respeito a um Brasil antirracista, democrático, inclusivo, anti-homofóbico e cujo interesse e fomento à ciência e à cultura, só fazem aumentar", ressalta Germana Henriques, diretora da Editora UnB.

Nesta terça-fei9ra (19/09), a abertura do evento reuniu palestras de nomes importantes, inclusive a professora Marcia Abraão, reitora da UnB. A cerimônia inaugurou o debate com temas que tratam do amor pela leitura e como a literatura é importante na formação da consciência crítica. Fictícios ou não, os livros são imprescindíveis para adquirir conhecimentos, ter uma compreensão melhor do mundo, da sociedade, começar a enxergar as interações humanas através de outros olhos e até para escapar da realidade.

A leitura também molda opiniões, permite uma melhor interpretação de texto e contribui para que os leitores adquiram senso crítico, que é um dos intuitos da Feira que não se limita em apenas incentivar a leitura, mas aproveitar tudo que ela oferece.

Fotos: Divulgação - Letícia Bispo, Dione Moura e Deborah Santos em palestra da Festa do Livro da Editora UnB

Fórum de discussão

O tema mobiliza autoras e pensadoras negras e, segundo, Germana, criar um fórum de discussão sobre esse assunto diz respeito à sociedade como um todo. "É uma tentativa de trazer para um debate em torno do livro e da escrita um ponto de vista inusitado, um ponto de vista que precisa estar na pauta, que é o das mulheres negras, que são tão marginalizadas dentro da sociedade brasileira", observa a professora Germana.

A professora e autora negra Dione Oliveira Moura reforça a importância da feira para dar visibilidade para essas mulheres: "É um espaço para a maior parte das mulheres brasileiras, porque nós somos a maioria da população brasileira, as mulheres negras".

Estudantes da universidade também participaram do evento ontem e estarão presentes nos outros dias para enriquecerem as conversas com as próprias vivências e conhecimentos. "Ainda com esse racismo que permanece na sociedade, a educação é um fator de inclusão. As políticas públicas de inclusão geram resultados, e essas mulheres se tornam ou são mestres, doutoras e aproveitam e multiplicam essa vaga, gera um resultado enorme para a sociedade", relata Dione.

Como a temática não dialoga apenas com a literatura, ela permite repensar o Brasil em um debate não apenas crítico, mas político. "Neste momento em que o Brasil está se repensando, se reescrevendo, depois desses quatro anos de um governo tão autoritário e que desprezava tanto a cultura e os livros, é importante trazer essa questão hoje para reflexão, a partir da visão de mundo dessas mulheres escritoras, como Carolina Maria de Jesus, Conceição Evaristo, Lélia Gonzalez, Sueli Carneiro e muitas outras", diz Germana.

Política de cotas

Divulgação - Festa do Livro da Editora UnB reúne estandes com mais de 30 editoras

Entre as autoras negras que palestram no evento, está Dione, que também é relatora da Lei de Cotas e ontem apresentou Vá no seu tempo e vá até o final: mulheres negras cotistas no marco dos 60 anos da UnB. A palestra falou sobre o livro homônimo, que traz 21 depoimentos de mulheres negras cotistas que entraram pela UnB. "Os resultados, as narrativas dessas garotas, mostram o indiscutível sucesso da política de cota", enfatiza ela. A obra não fala sobre a política pública sem mostrar as vivências de cada mulher e revelar como cada uma delas precisa superar o racismo para ter acesso à educação. "Ser mulher negra no Brasil é muito difícil, porque você está esbarrando com o racismo te fechando as portas", define Dione. 

O tema foi escolhido em 2023 por meio do Clube do Livro da Editora UnB, que teve o mesmo tema que a celebração e reuniu obras de nove escritoras negras.

O evento começou ontem e se estende até amanhã com exposições de mais de 30 editoras, palestras, lançamentos, mesas-redondas e workshops. Entre eles estão as oficinas de design, revisão de livros e escrita criativa. A programação terá início às 10 horas e permanecerá até o fim do dia. Os horários estão disponíveis no site oficial da Feira do Livro da UnB.

* Texto de Giovanna Kunz, estagiária sob a supervisão de Severino Francisco.

Feira do livro da UnB

Hoje e amanhã, das 10h às 21h, Festa do Livro no Campus Darcy Ribeiro da Universidade de Brasília, no Instituto Central de Ciências - Sul. 

 


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