A escritora Conceição Evaristo foi eleita intelectual do ano pelo Troféu Juca Pato, que premia pensadores brasileiros desde 1962. Esta é a primeira vez que uma mulher negra vence a premiação. Conceição concorreu com Martinho da Vila, Maria Villani, Marilene Felinto e Pedro Bandeira. A entrega do troféu está prevista para novembro, durante o Festival Literário Internacional de Itabira, e contará com a participação da ministra da Cultura, Margareth Menezes.
Segundo a União Brasileira de Escritores, entidade responsável pela premiação, o Juca Pato é destinado a "personalidades que, havendo publicado livro no Brasil no ano anterior, tenham se destacado, pelo conjunto da suas obras, em qualquer área do conhecimento e contribuído para o desenvolvimento e prestígio do país, na defesa dos valores democráticos e republicanos".
O presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, parabenizou a escritora. "Feliz em saber que, pela primeira vez na história, o Troféu Juca Pato, referência desde 1962 na premiação de grandes pensadores do Brasil, teve como destino este ano uma mulher negra, Conceição Evaristo, uma das escritoras mais importantes do nosso país! Já era tempo. Parabéns pelo reconhecimento", escreveu, nas redes sociais.
Sobre Conceição Evaristo
A escritora Conceição Evaristo nasceu em Belo Horizonte, em 1946. Na década de 1970, ela migrou para o Rio de Janeiro. Ela é graduada em letras pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutora em literatura comparada na Universidade Federal Fluminense, com a tese Poemas malungos, cânticos irmãos (2011). O trabalho estuda as obras poéticas dos afro-brasileiros Nei Lopes e Edimilson de Almeida Pereira e a do angolano Agostinho Neto.
Conceição estreou na literatura em 1990, quando publicou Cadernos Negros, que reúne uma série de contos e poemas. Em 2003, publicou o romance Ponciá Vicêncio. Já em 2011, Conceição Evaristo lançou o volume de contos Insubmissas lágrimas de mulheres. A escritora mineira tem cerca de 10 obras publicadas e já ganhou as premiações: Prêmio Camélia da Liberdade (2007), Prêmio Ori (2007) e Prêmio Jabuti (2015) — com o renomado livro Olhos d'água.
Protagonismo feminino, racismo, críticas sociais e valorização da cultura afro-brasileira são os principais temas abordados pela escritora mineira. "Minha mãe leu e se identificou tanto com o Quarto de Despejo, de Carolina, que igualmente escreveu um diário, anos mais tarde. Guardo comigo esses escritos e tenho como provar em alguma pesquisa futura que a favelada do Canindé criou uma tradição literária. Outra favelada de Belo Horizonte seguiu o caminho de uma escrita inaugurada por Carolina e escreveu também sob a forma de diário, a miséria do cotidiano enfrentada por ela", disse Conceição, no 1º Colóquio de Escritoras Mineiras.
"Gosto, entretanto, de enfatizar, não nasci rodeada de livros, do tempo/espaço aprendi desde criança a colher palavras. A nossa casa vazia de bens materiais era habitada por palavras. Mamãe contava, minha tia contava, meu tio velhinho contava, os vizinhos e amigos contavam. Tudo era narrado, tudo era motivo de prosa-poesia, afirmo sempre. Entretanto, ainda asseguro que o mundo da leitura, o da palavra escrita, também me foi apresentado no interior de minha família que, embora constituída por pessoas em sua maioria apenas semi-alfabetizadas, todas eram seduzidas pela leitura e pela escrita", acrescentou a escritora.
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