Artes cênicas

Fabrício Carpinejar apresenta o monólogo no Teatro dos Bancários

Fabrício Carpinejar sobe ao palco do Teatro dos Bancários para encenar monólogo sobre relacionamentos

Fabrício Carpinejar garante que todas as histórias narradas em Tudo que seu marido precisa saber são familiares para a maioria dos casais. "Com certeza, o casal já viveu ou ainda vai viver", avisa. No palco, enquanto fala, o escritor estará conectado a um aparelho que permite ao público acompanhar o batimento do coração. É uma forma de mostrar as reações às 12 narrativas encadeadas no monólogo, durante as quais Carpinejar promete fazer a desconstrução de si mesmo. "Sou só eu no palco. A proposta é que o espectador entre no meu coração, acompanhe meu batimento cardíaco em tempo real", explica. "O coração não mente. Isso desperta autenticidade. Você vai ao teatro buscando uma encenação, quando na verdade é tudo real."

O solo teatral, em cartaz na sexta-feira, no Teatro dos Bancários, é uma comédia romântica com texto e direção do próprio Carpinejar. São histórias de casais baseadas na experiência do autor de nove livros publicados sobre o tema em títulos como Para onde vai o amor?, Todas as mulheres, Amor à moda antiga, Amizade é também amor, Liberdade na vida é ter um amor para se prender, Minha esposa tem a senha do meu celular. Os ingressos esgotaram na semana passada, por isso o escritor abriu uma segunda sessão, logo em seguida.

No palco, ele veste o traje usado no próprio casamento e propõe ao público que o imagine casando novamente. "É como se fosse a evolução da minha consciência ao longo do meu casamento. É uma comédia romântica, ou seja, você vai rir do início ao fim, não que seja um riso de contentamento, é mais possível que seja um riso de nervoso", diz. "Mas é um solo teatral. É interpretação. Não é stand up, eu estou encarnando as histórias e é fechado, não faço nenhuma interação com a plateia. Não vai existir essa evasão indiscreta da privacidade. O público é o público."

Ciúme, possessividade e autonomia são alguns dos sentimentos abordados pelo escritor, que tomou para si a missão de desmistificar o que chama de amor romântico. "A minha inspiração é combater o romantismo", avisa. Para ele, existe uma contaminação romântica no relacionamento como se o amor fosse sinônimo de privação e renúncia. Carpinejar garante que pretende lutar contra certas expressões dominantes observadas nos relacionamentos. "Uma delas é 'você precisa se adaptar'. Como assim precisa se adaptar? Ou 'você precisa ceder'. Ou seja, você entra no relacionamento para deixar de ser. Todas as provas e amor giram em torno de deixar de fazer algo para si. É subtração. Amputação. Desfalque", lamenta.

Como espécie de conselheiro amoroso, Carpinejar propõe algumas alternativas que, segundo ele, podem levar a um "romantismo saudável". "Sugiro não fazer tudo junto. Você precisa ter seu espaço e seu tempo. Não é porque está no romance que deve usar todo final de semana para sair de casal. Se você faz um programa solitário ou com os amigos um final de semana, a outra pessoa vai pensar que você não a ama mais. Existe uma formatação para o sacrifício, você se afasta dos amigos, dos encontros individuais com a família, qualquer almoço ou jantar com a família, tem que levar o genro ou a nora. E a conversa que você deve ter com seus afetos, sem testemunha, não existe. Você não tem como cultivar segredos ou confissões com a sua rede de contato pois, na visão romântica um tanto distorcida, você tem que dividir tudo', acredita.

O autor gosta tanto do tema que criou um quadro no perfil caprinejar, no Instagram, no qual tem mais de 2 milhões de seguidores. No Querida leitora, o autor recebe confissões e pedidos de ajuda de mulheres referentes a relacionamentos e responde a uma carta por semana. "Muita gente manda, as pessoas pedem minha opinião e uso o ingrediente da sinceridade afetuosa. Não enrolo, mas também não sou grosseiro", avisa.

O escritor conta que se interessou pelo tema porque era chamado de "o último romântico" com frequência. "Mas eu não sou nem quero ser", garante. "Eu sou gentil, romântico não. A gentileza é um romantismo sadio. O romantismo adoecido quer algo em troca."

 


Fotos: Guilherme Bezerra - Espetáculo CORAÇÃO EXPOSTO, de Fabrício Carpinejar
Guilherme Bezerra - As batidas do coração de Fabrício Carpinejar fazem parte do espetáculo
Guilherme Bezerra - Espetáculo CORAÇÃO EXPOSTO, de Fabrício Carpinejar