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Leia a entrevista com Alexandre Lino, humorado astro de O porteiro

Com forte traçado cômico, O porteiro dá chance de brilho extremado para Alexandre Lino

A diversão e o riso leve, extraído do cotidiano de um prédio carioca, se espalham na comédia nacional O porteiro, já em exibição nos cinemas. Dirigido por Paulo Fontenelle, o longa aposta todas as fichas na figura do personagem central, Waldisney, interpretado por Alexandre Lino. É a partir de um encontro, para depoimento em delegacia, que o personagem reconta muitos dos fatos recentes para o tipo vivido por Maurício Manfrini, que pode livrar o porteiro de um emaranhado de confusões. 

Sempre ao lado de Rosivalda (Cacau Protásio), uma faxineira muito empolgada com os homens, Waldisney tem o dia a dia extremamente controlado pela ciumenta esposa Laurizete (Daniela Fontan). O porteiro, baseado em uma peça, explora tantos os dramas pessoais de Waldisney e ainda afunila para a convivência dele junto a demais moradores do condomínio.   

Entrevista // Alexandre Lino

O que diferencia o filme da peça em que se baseou?

Tá tudo misturado: o Paulo Fontenelle (diretor) é o mesmo dramaturgo e diretor da peça. Quando decidimos fazer a peça, fomos às portarias, às ruas, para escutar histórias de porteiros: fizemos isso, juntos. Ele estudou e determinou as histórias mais divertidas e de superação. Vimos, nos objetivos em comum desses porteiros, a vontade de educar os filhos a fim de darem melhores oportunidades a eles.

Como é a sua relação com Brasília?

Gosto muito, porque é uma cidade em que fiz alguns espetáculos. Há aqui a questão da presença nordestina muito marcante. Traz um vínculo muito forte nas minhas raízes, com as minhas origens: gosto de lugares em que me reconheça , com extensão das histórias do migrante. Acabei de trazer a montagem da peça para o Sesi Taguatinga, ao lado da Ceilândia. Ceilândia é um pedaço do Nordeste dentro do DF. Eu nunca tinha ido. Quando vi de perto, notei a presença muito fiel a hábitos e costumes: desde o comércio até a culinária.

Quais as inspirações para a tua popularidade?

Acho fundamental citar o Mazzaropi: minha inspiração vem dessa humildade que o Waldisney carrega; essa singeleza, uma timidez, na hora de abordar as situações mais delicadas do condomínio. Mazzaropi era aquele capiauzinho — uma figura de que sempre gostei. Há a referência de Os Trapalhões, que brincavam com essa coisa de quase ser criança, e Waldisney tem um pouco daquele menino. A construção veio dos porteiros, que são os meus grandes parceiros. Mergulhando nas histórias deles: me deixaram grandes marcas.

Sendo de Gravatá, como você vê o cinema de Pernambuco?

Em linguagem trazida hoje, o cinema pernambucano é, sem dúvida, o mais visto em festivais brasileiros e internacionais. São filmes intelectualizados e cheios de discussão sobre poética, estética e sobre conceitos. Isso é maravilhoso, como é, em Pernambuco, a popularidade da escrita do Suassuna e o apreço pelo Chico Science, com a fabulosa de musicalidade que marcou o Brasil. Trago dentro do meu DNA, essa característica do povo, do ator, do artista nordestino. Um estereótipo que atesto: somos um povo bem humorado, sim, e isso é muito positivo. O filme traz Pernambuco, em cinema, em outro campo, junto com o Nordeste inteiro.[