Olivia Rodrigo lançou, nesta sexta-feira (8/9), o segundo álbum da carreira, intitulado Guts, que conta com 12 faixas, sendo apenas duas já lançadas previamente, Vampire e Bad idea right?. A produção ainda receberá uma edição deluxe, sem data marcada, com outras quatro músicas inéditas. A verdade é que, com o lançamento do primeiro álbum, Sour, em 2021, a artista descobriu a fórmula universal para conquistar o público jovem: desabafar sobre as decepções e obsessões amorosas por meio do pop rock. Em Guts, ela repete essa dose, com mais rock e mais drama.
O álbum não é inovador, ele se mantém na mesma linha do primeiro, mas isso já era esperado. O grande sucesso e as três estatuetas do Grammy, inclusive a de Artista Revelação, foram conquistados por Olivia Rodrigo com Sour e, durante esse período de dois anos de intervalo entre os lançamentos, existiram especulações do público em relação a qual estética ela seguiria nas próximas produções que viriam. Por fim, ela manteve a fórmula e agradou a crítica. Rolling Stone definiu a cantora como “clássico instantâneo”.
O diferencial está na agressividade do álbum. Ele é mais íntimo, dramático, confessional e explosivo do que Sour. Além disso, na íntegra, a produção induz que a estrela do pop está caminhando cada vez mais pelos trilhos do rock. Ouvindo a música de abertura de Guts, All-american bitch, o público entra em contato com todas essas características juntas e entende o tom que está por vir ao longo do disco.
As faixas colocam os ouvintes em linha direta com os pensamentos da artista, por dentro das dúvidas, inseguranças e sentimentos que a atingem durante cada término trágico. Em Get him back!, ela transmite raiva, vingança, e também usa segundas vozes, que simulam conselhos de amigas ou vozes da cabeça dela que duvidam sobre se envolver ou não com o ex, como em Bad idea right?. É possível sentir a confusão mental da artista em cada faixa. Ballad of a homeschooled girl é dinâmico, apesar de ser um forte e triste desabafo por não se encaixar socialmente.
Vampire é dramática, traz a melancolia e o desapontamento da alma de Olivia Rodrigo na voz dela. Lacy está longe de ser um rock e uma canção animada, dançante. Ela canta sobre uma mulher muito bonita a quem ela se sente inferior. Making the bed é triste e íntimo, e traz o ditado: “você colhe o que planta”. Em Logical, ela continua insistindo erroneamente em relacionamentos que não eram para ser. Para representar tantas pessoas que se humilham por um “esquisito de segunda categoria” nos relacionamentos, a faixa Love is embarrassing fala sobre perder a cabeça por alguém que não se importa da mesma maneira, em um pop rock.
A partir de Grudge, Olívia Rodrigo permite que o público conheça outros fantasmas que a assombram. As faixas seguintes, Pretty isn't pretty e Teenage dream demonstram as inseguranças que a atriz carrega, relacionadas a aparência, autoestima e ao futuro, com medo de crescer e decepcionar outras pessoas.
O álbum Guts não traz respostas para as incertezas de Olívia Rodrigo, mas mostra elas muito bem. A identidade visual do álbum não é inovadora, pois lembra muito a de Sour, o que pode ser visto como uma marca registrada da cantora. Mas, após dois anos, a artista segue brilhando e conquistando os críticos da cena musical e, se continuar nesse caminho, ela construirá uma carreira marcante e duradoura no cenário pop.
*Estagiária sob supervisão de
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