Música

Após sucesso com 'Minha vida é um filme', Teto se apresenta em Brasília

Um dos principais nomes do trap nacional, Teto se apresenta nesta sexta-feira (8/9) em Brasília. O cantor baiano vive uma crescente na carreira desde o lançamento do single 'Minha vida é um filme'

Cantor de trap Teto: um dos músicos mais ouvidos no país  -  (crédito: Nino Franco)
Cantor de trap Teto: um dos músicos mais ouvidos no país - (crédito: Nino Franco)
Isabela Berrogain
postado em 07/09/2023 11:48 / atualizado em 07/09/2023 11:54

Se hoje o trap é um dos gêneros mais escutados do país, Teto tem dedo nisso. Para chegar onde está, no entanto, Clériton Sávio Santos Silva, nome de batismo do artista, teve que lutar contra as probabilidades. Nascido em Jacobina, cidade a 300 km de Salvador, Bahia, o jovem de apenas 21 anos quebrou barreiras em uma trajetória completamente não convencional para se tornar pioneiro na fomentação da cena do rap e do trap no Nordeste. Hoje sucesso em todo o Brasil, o trapper volta à capital nesta sexta-feira (8/9), para uma apresentação no espaço Somma.

Foi em meio à incerteza do mundo musical durante a pandemia da covid-19 que Teto ganhou espaço na indústria. O trapper começou a realizar transmissões ao vivo no Instagram, em que compartilhava com os espectadores prévias de músicas autorais, gravadas e produzidas dentro de seu quarto. Apesar da falta de recursos, as faixas chamaram tanto a atenção que o público encontrou uma forma de distribuir, por contra própria, as versões inacabadas no streaming. Assim, Teto conquistou um feito inédito até então — configurou entre as 30 músicas mais ouvidas do Spotify com prévias de duas faixas, M4 e PayPal, que versam crenças do cantor baiano, como "Fogo nos racistas, assim que é bom" e "Essa grana ainda vai me tirar dessa lama". Nenhuma outra música da plataforma alcançou tal marco antes do lançamento oficial. "A questão das prévias meio que virou um momento. Depois de ter dado certo comigo, todo mundo quis compartilhar prévias de músicas na internet", conta o artista.

Para ele, o grande diferencial que o público enxergou em seu trabalho foi a autenticidade. "As pessoas viram um menino simpático, simples, no seu quarto fazendo um bom som, o que era um grande diferencial na cena naquele momento. Estava tudo meio parado em relação à musicalidade, inovação, então foi uma fase em que tudo contribuiu para essas coisas acontecerem", analisa. Alguns anos depois, Teto conta com mais de seis milhões de ouvintes mensais nas plataformas de streaming, está presente na line-up dos principais festivais de música nacionais e coleciona shows internacionais na agenda. "Se você abrir a lista das 50 músicas mais tocadas hoje no Brasil, 30 delas são do trap. A gente está incomodando, até quem não gostava antes, agora nos escuta", afirma.

Movido pela projeção nacional e internacional do estilo musical e da carreira, Teto quer levar ao público letras que fogem da ostentação costumeira que aparece constantemente no trap. Em Minha vida é um filme, o cantor procurou homenagear as origens baianas em um videoclipe gravado em Imbassaí, Bahia, lugar onde passou grande parte da infância e adolescência. Na composição do hit, prevalece a positividade: "Eu já curei todas minhas cicatrizes", canta o músico. "Eu sempre quis falar das minhas raízes, sempre quis trazer as belezas naturais que me rodearam ao crescer para a minha música e para minha arte, mas ainda não tinha conseguido. Essa música foi a forma que encontrei de fazer essa homenagem para a minha terra, poder contar um pouco mais do lugar que eu vivi e cresci", relata. "Para mim, foi uma libertação dentro do trap e dentro da minha carreira. Hoje eu consigo falar mais abertamente sobre minhas raízes e de onde eu vim. Muita gente nem sabia que eu era baiano antes dessa música e poder homenagear isso, para mim é muito importante", complementa.

Além do novo estilo de composição, o lançamento trouxe novidades, também, na sonoridade — a música foi a estreia de Teto no afrobeat. "Eu fiquei muito nervoso para o lançamento de Minha vida é um filme, como se estivesse recomeçando minha carreira, por ser um som diferente do que o meu público está acostumado, com um ritmo que não estamos habituados a ouvir aqui no Brasil", revela o cantor. "Apesar de existirem pessoas que constroem essa cena nacionalmente há um bom tempo, ela não é tão vista. Por eu ter um bom palco, eu consegui chamar um público para conhecer essa sonoridade. É o que eu mais tenho escutado no momento e eu quero conseguir traduzir, tanto no afrobeat, quanto no trap, o meu carisma, minhas raízes, meu instrumento percussivo, a minha guitarra", pontua.

A nova música é apenas a porta de entrada para uma nova fase na carreira do músico baiano. "Eu quero passar uma nova perspectiva, um pouco mais madura, do Teto para os meus fãs. Eu quero conseguir abordar outras coisas na minha música além de assuntos fúteis ou ostentações, quero conseguir passar uma mensagem de vida", adianta. "Eu já passei por muita coisa e quero trazer realidade no meu álbum. Não quero trazer uma história fictícia ou muito fora da curva, quero trazer a minha realidade de forma pura", completa.

Influência do pai

A música se fez presente na casa de Teto desde a infância. "Meu pai é minha inspiração", declara. "Eu agradeço a ele por toda essa inspiração musical que eu tenho. Ele sempre foi músico, sempre tocou instrumentos e fez parecer algo natural. Ele começava a batucar em qualquer lugar e eu pensava: "Quero aprender com ele". Ele me ajudou no meu início com o violão e esse foi o pontapé para eu descobrir que amo música. Desde então, tudo fluiu muito naturalmente", conta o trapper. "Desde os meus 7 ou 8 anos, eu tocava em igreja, participei de bandas no colégio, e, posteriormente, apresentações em barzinhos. Sempre tive essa vontade de aprender diversos instrumentos e já fiz inúmeras coisas dentro da música antes do rap", revela.

A paixão pelo gênero musical, no entanto, começou mais tarde, mas ainda sob influência paterna. "Meu pai ouvia muito Marcelo D2 e uma banda que chamava Cubo, disso eu lembro perfeitamente. A música preferida dele desse grupo se chamava 1994, era um rap antigo que contava a história de um garoto, e ele escutava o dia todo. Foi um dos primeiros raps que eu ouvi", relembra. "Outra memória que tenho é de um álbum ao vivo do D2 que meu pai colocava para tocar no carro, que me chamava muito a atenção por conta do beat box que ele fazia. Eu ouvia o D2 fazendo um rap misturado com samba, cantando versos ousados, e isso me gerou um interesse muito grande na época. São minhas primeiras memórias do rap", diz. Agora, o pai deixa de lado os artistas que ouvia antigamente, pois tem um novo ídolo: o filho. "Ele se emociona toda vez que me vê nos palcos", finaliza.

Serviço

Teto no Somma

Sexta-feira, às 21h, no Somma Entretenimento (Polo JK). Ingressos podem ser adquiridos a partir da plataforma App Ticket, a partir de R$ 66. Não recomendado para menores de 16 anos.

 

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