De degrau em degrau, de pouquinho em pouquinho, Pabllo Vittar passou de promessa a artista consolidada e chegou aos maiores palcos do Brasil e do mundo. A drag queen é um destaque absoluto da nova geração da música brasileira e tem um reconhecimento que a levou a ser uma das artistas mais celebradas do dia de encerramento do The Town. Ela sobe ao palco The One de mãos dadas com Liniker e Jup do Bairro para uma apresentação especial para o público deste que é o "Rock in Rio de São Paulo".
"Para o The Town eu estou preparando algo que seja tão grandioso quanto eu sou", conta Pabllo Vittar ao Correio. A artista convocou uma banda, pedida há anos pelos fãs para os shows, na intenção de trazer esse tamanho que tem a nível de um festival com mais de 100 mil espectadores em Interlagos. "Vai ser meu primeiro grande show com banda e a gente está fazendo umas coreografias também pensando na interação público-palco", acrescenta.
Ela quer ocupar verdadeiramente este palco que é talvez o maior palanque do ano, visto que além dos milhares de espectadores em São Paulo, outros milhões estarão assistindo nas transmissões televisivas. "Vai muito além de ocupar um espaço físico, é estar no espaço, estar presente. É importante estarmos nestes lugares e mostrar que fazemos um bom trabalho sim e não deixamos a dever para nenhum artista de fora", analisa a cantora. "Acho massa porque estamos trabalhando em uma descolonização do que é bom e do que não é. Nosso trabalho é incrível e isso que a gente vai mostrar no The Town", reflete.
Pabllo busca sempre o perfeito, sempre estar melhor e estar preparada, por isso acredita que chegou no lugar onde está. "Faz parte de mim, eu sempre quero entregar um trabalho excelente. Desde criança, eu sou assim, até quando eu ia apresentar lá na frente na sala de aula", lembra. "Eu sempre quero uma performance acima da média, sei que já estou ótima no palco, mas ainda quero entregar mais", continua.
No entanto, as coisas têm que ser feitas nos tempos que elas demandam. "Eu quero mostrar para a galera que o meu trabalho vem se elevando, mas no meu tempo. Eu não trabalho sob pressão, tem que vir de você. Se não, não fica genuíno, fica forçado, fica triste. Eu não quero subir no palco triste, quero só felicidade", afirma.
Agora que a artista conseguiu é hora de se sentir grata. "Foi uma realização pessoal muito grande, mas principalmente a boa sensação de que estão me enxergando neste espaço", conta a cantora, que promete entregar o melhor de si para ficar marcada na história. "Estou preparando algo bem especial mesmo. Estou muito feliz de estar na primeira edição, porque é a que marca. É como se eu estivesse na primeira temporada de RuPaul's Drag race", compara Vittar.
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A líder da revolução
Pabllo Vittar já tem um lugar história recente do Brasil para além de uma apresentação no The Town. Ela esteve entre as atrações de festivais internacionais do porte do Coachella, maior festival dos Estados Unidos, e em todos os Lollapaloozas da América do Sul. Mais importante, ela é a drag queen mais seguida do mundo no Instagram. Todas essas conquistas para a cantora se voltam para o mesmo lugar, Pabllo é uma referência no Brasil e no mundo. "Ser a drag queen mais seguida do Instagram não me contempla tanto, apesar de eu achar massa, mas o mais legal é que a drag queen mais seguida do mundo é brasileira", explica.
Ela entende o tamanho disso tudo em um contexto maior, os olhos do mundo sob o Brasil passam por lentes que ela coloca. Entretanto, trata tudo com leveza. "Fala-se muito de responsabilidade e peso. A responsabilidade vem porque eu sou uma artista e uma figura pública. Porém, isso não é um peso, um fardo ou uma cruz", expõe.
A intenção é usar esse espaço não apenas para representar a comunidade LGBTQIAP+ da qual faz parte, mas exaltá-la. "O meu caráter sempre foi de estender a mão de outra pessoa, trazer ela e fazer o máximo pela minha comunidade. Pois, desde criança, eu via os meus amigos serem excluídos", comenta a artista que se inclui: "Nós sempre fomos excluídos, sempre estivemos literalmente à margem. Então, quando a gente pode, a gente traz os outros para junto, para o meio. Já que eu tenho essa luz, eu coloco ela nas pessoas também".
Pabllo tem muito claro o que conquistou, sabe que frases que falou, coisas que fez e a imagem que tem realmente geraram mudança. A cantora entende que tem um dedo que seja no Brasil de hoje. "Eu fico feliz de ter na minha cabeça que eu fiz muita coisa boa, que eu ajudei muitas pessoas e de colocar essa energia para fora nos meus shows e músicas. Percebo que fiz parte de uma revolução, de uma mudança, muito importante para o país", pontua Vittar. Sempre muito ligada a cultura pop, ela se compara a uma personagens revolucionária dos livros e cinema. "Fico feliz de ter tido coragem de falar e me expressar, me sinto uma Katniss do filme Jogos Vorazes. Sinto que daqui há 100 anos vão lembrar de coisas que eu fiz como o momento em que levantei a toalha do Lula no meio do Lollapalooza".
Todo esse movimento sempre com um bom humor que parece exclusivo da drag queen. "Eu estava ensaiando e pensando: 'quem diria que a aquela bicha feia rato de porão ia estar aqui hoje'", brinca a artista que sabe que agora conquistou um lugar como princesa: "Agora sou Cinderela, vocês que me respeitem".
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