Dois homens maltratados por uma série de circunstâncias que envolvem da pandemia de covid-19 ao negacionismo da extrema direita são os protagonistas de O último tango, peça com texto do argentino Santiago Serrano e direção de Sérgio Maggio em cartaz no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) a partir desta quinta-feira (17/8).
Antônio tem 80 anos e Manuel, por volta de 50. Os dois estão presos em situações impostas pela pandemia de covid-19. O primeiro é constantemente ameaçado pelos filhos extremistas de ser confinado em uma casa para idosos. O outro, um artista, dançarino de tango e homossexual, se viu esmagado pelas medidas sanitárias exigidas pela pandemia e ficou sem trabalho e sem sustento.
O desejo de Antônio de aprender a dançar tango vai transformar a vida dos dois. "É uma relação que toca em temas como etarismo e homofobia, porque o bailarino é gay e tem isso fortemente na trajetória dele", avisa Maggio. "É um espetáculo que fala desse caminho pelo sonho, de você mudar." O diretor conta que o texto de Serrano costuma ser bastante realista e, para equilibrar, ele optou por uma direção que trouxesse para o palco um pouco da dimensão do onírico.
Com auxílio de um vídeo no qual um casal dança e por meio da mistura de signos que trazem para o palco elementos da umbanda, o diretor mesclou linguagens e referências culturais a favor da narrativa. "Quando o texto veio para mim, a primeira coisa que me veio à cabeça é que a gente tem uma visão muito espetacular do tango, mas a origem dele é no cais, nos açougues, nos cabarés, entre marinheiros, prostitutas e negros", explica. "Então propus uma aproximação do tango com a umbanda, porque na umbanda, você tem pontos cantados de pomba gira e elas falam do tango. Aproximei a umbanda do tango tentando fazer essa fusão." No palco, além de um elenco com Chico Sant'Anna e Jones Abreu Schneider, haverá um piano e uma percussão para executar a parte musical. "E alguns pontos de umbanda são tocados também", adianta o diretor.
Serviço
O Último Tango
Com Chico Sant'Anna e Jones Abreu Schneider. Direção: Sérgio Maggio. Texto: Santiago Serrano. Nesta quinta-feira (17/8), às 16h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB — Setor de Clubes SUl, Trecho 2). Até dia 10 de setembro, sextas e sábados, às 20h, e domingos, às 18h. Entrada gratuita.