Fotografia

Mês da Fotografia começa nesta quinta com cinco exposições

Exposições e projeções ocupam o Museu Nacional da República a partir de hoje para celebrar o Mês da Fotografia

Depois de dois anos com edições on-line e exposições presenciais tímidas, o Mês da Fotografia está de volta com uma estrutura ampliada e uma programação que vai ocupar praticamente todo o espaço interno e externo do Museu Nacional da República. Além de uma exposição coletiva de 60 fotógrafos, haverá também cinco exposições temáticas distribuídas pelas galerias do museu, sessões de projeção na cúpula do prédio e um pavilhão de exposições montado do lado de fora para receber uma série de programações ao longo do mês.

A ideia dos organizadores é trazer de volta e em versão mais robusta um evento que está na 10ª edição e é realizado de forma bienal há 13 anos. "Queremos marcar essa volta das grandes agendas de exposições fotográficas. Aqui na região Centro-Oeste, somos a maior exposição coletiva em termos da quantidade de autores", avisa Carol Peres, produtora do evento.

Este ano, o Mês da Fotografia vem com o tema Reencontros e suas possibilidades, uma tentativa de celebrar a plena retomada das atividades após dois anos de distanciamento e agendas parcas em consequência da pandemia. A programação foi dividida em dois momentos. O primeiro deles começa hoje, com a abertura das exposições nos espaços internos do museu. A VIII Exposição Coletiva reúne 82 fotografias de 46 fotógrafos escolhidos por um time de curadores formado por Denise Camargo, Lívia Aquino e Ana Lira. No total, foram mais de 1.160 inscrições, um recorde segundo a curadoria.

Denise Camargo explica que uma das intenções era realizar um recorte com maior número de mulheres e que incluísse pessoas pretas, não binárias e integrantes do grupo LGBTQIA . "São grupos muito sub- representados nos festivais de fotografia e nas mostras coletivas", explica a curadora. "E o festival já tinha a premissa de ser inclusivo, de ter trabalhos de pessoas com deficiência. Além disso, tinha uma categoria de jovens fotógrafos e eles enviaram trabalhos espetaculares, nos surpreendeu muito pela qualidade, pelo aprofundamento das temáticas e narrativas, esses jovens artistas estão pensando os novos temas, como questões relacionadas à natureza e aos processos colaborativos."

A seleção foi dividida em categorias. Em Ensaio, cada fotógrafo exibe cinco imagens. Em todas as outras — Individual, Jovens Fotógrafos e Inclusiva — entrou apenas uma imagem de cada artista. "A categoria para 18 a 25 anos teve uma adesão incrível e a inclusiva, para pessoas com deficiência, teve bastante procura porque vamos ao encontro de todas essas políticas de inclusão social", repara Carol Peres. "A comissão trabalhou muito na linha da inclusão das minorias, então a gente vai ver um retrato de um Brasil muito com a questão negra, a questão LGBTQIA , as questões sociais de modo geral. Claro que todas conversam com o tema reencontros no sentido de entender como foi o lugar da arte nesse momento que o Brasil passou." Um dos nomes da coletiva, que será revelado em 16 de agosto, foi escolhido para receber o Prêmio Aquisição do Museu Nacional da República, no valor de R$ 10 mil.

Oficina de fotografia livre -
Coletivo Risofloras -
Coletivos Jovens de Expressão -
Julio Magalhães Segundo -
Cesare Simioni -
Ana Flávia Barbosa -
Francisco de Souza -
Priscilla Buhr -
Juqueiroz -

Para Carol, o reencontro vai além de reunir pessoas e traz um sentido de reencontrar lugares e espaços da arte, mas também temas e questões que ficaram descuidados nos últimos anos com a crise política e sanitária. "É reencontrar e reconhecer minorias que, muitas vezes, não estão nos holofotes. Tem muitos retratos de negros, de mulheres, aliás, muitas mulheres participando, a equidade de gênero foi uma preocupação. E este é o primeiro ano com participação nacional, porque nos anos anteriores eram apenas fotógrafos do Centro-Oeste", explica.

Duas exposições temáticas merecem destaque na programação. As imagens de Chão de cores foram produzidas pelo coletivo Retratação, do Mercado Sul, de Taguatinga, especialmente para o evento. São 20 fotografias que retratam o movimento Mercado Sul Vive, a vida e os artistas que passam pelo espaço, as famílias que lá habitam e a movimentação cultural do local. Em Afro futuro, do Jovem de Expressão de Ceilândia, 12 fotógrafos apresentam 20 imagens que resgatam a identidade de corpos periféricos e trazem para o museu um pouco do cotidiano da RA.

Programada para ser inaugurada apenas em 16 de agosto, Nada sobre nós sem nós é fruto de um projeto de vivências inclusivas com material produzido por PCDs. Também com a ideia da inclusão em primeiro plano, Olho de rio, que ocupará o Espaço Cultural Renato Russo, reúne registros de crianças de movimentos populares que passaram pela oficina de fotografia livre de Lucas Viana em assentamentos do Brasil.

Um pavilhão batizado de Espaço da Fotografia Photo Experience LAB, montado ao lado do museu entre 16 e 20 de agosto, será uma nova experiência para o público. Fruto de uma parceria entre a Universidade Católica e a Universidade de Brasília (UnB), o espaço vai abrigar galerias independentes, editoras e fotógrafos organizados em coletivos que poderão explorar os estandes tanto para expor quanto para vender trabalhos. Considerado o Dia Mundial da Fotografia, o 19 de agosto terá programação especial com visitas guiadas e contação de histórias, arrastão do Grupo Batukenjé e novas projeções na cúpula do museu. No dia 20, o coletivo Sebastianas, de São Sebastião, realiza um leilão no qual incluirá fotografias. A ideia é que o mês inteiro seja dedicado à fotografia.

 

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