Artes cênicas

Romantismo e ilusão marcam ópera de Tchaikovsky em cartaz na EMB

Ópera Eugen Onegin, de Tchaikovsky, ganha montagem de André Amaro com participação da maestra Priscila Bomfim, assistente do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Piotr Ilich Tchaikovsky fugia dos grandes temas operísticos quando se deparou com o romance de Alexander Pushkin sobre um jovem arrogante, rico e entediado que não hesita em manipular os sentimentos alheios. Eugene Onegin é uma espécie de anti-herói que o compositor russo levou para o palco em forma de ópera, obra que ganha encenação no fim de semana no Teatro Levino de Alcântara da Escola de Música de Brasília (EMB).

Dirigida por André Amaro e com Priscila Bomfim, maestra assistente do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, à frente da orquestra, Eugene Onegin ganhou uma montagem minimalista, em cenário criado com auxílio de projeções e figurino idealizado por Maria Carmen de Souza com o acervo do Teatro Goldoni. "É uma ópera que demonstra uma genialidade e uma criatividade muito grandes de Tchaikovsky, ele buscava um tema diferente. Na época, eram abordados temas como dos imperadores, das mulheres heroínas. Ele queria um tema mais intimista, e foi quando leu o livro do Pushkin e resolveu, a partir dessa história, escrever a partitura. Encontrou ali o romantismo, a poesia e a humanidade, sobretudo", diz Amaro.

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Escrito entre 1823 e 1831, o romance conta a história de um aristocrata que herda uma fortuna do tio e embarca em um romance com a irmã de um amigo, Tatiana. A expectativa do amor romântico da moça se espatifa à medida que a personalidade de Onegin, vivido pelo barítono Homero Velho, se revela totalmente descolada das convenções sociais. A história trata de relações humanas e amorosas intensas marcadas por desencontros que justificam todo o drama. "Onegin é esse jovem de uma sociedade burguesa, na qual a arrogância é confundida com uma certa autenticidade. Há uma certa contemporaneidade na figura dele", avisa Amaro. "É um jovem que se julga acima de todos e de tudo, que não tem escrúpulos sociais e que desmonta a expectativa romântica da Tatiana. O temperamento dele é mais narcísico, então ele acaba provocando desastres, é um dínamo que sai destruindo tudo ao redor."

Divulgação -
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Realizada com verbas do Fundo de Apoio à Cultura (FAC), a montagem traz uma série de limitações orçamentárias para as quais foi necessário encontrar alternativas como o figurino emprestado do Goldoni e o cenário feito com projeções. "É uma encenação mais clean, mais contemporânea. O cenário é simples, dividido entre duas zonas de atuação, yin e yang, que são as forças opostas, como são os protagonistas. É uma concepção conceitual que traz essa intenção de eliminar a temporalidade e espacialidade do texto original, justamente para aproximar o público do tema", avisa o diretor.

Serviço

Eugene Onegin

Direção: André Amaro. De sexta a domingo, às 19h, no Teatro Levino de Alcântara (Escola de Música de Brasília - 602 Sul). Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).

 

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