Filmes de estreantes, produtos audiovisuais em gestão, orçamento assegurados por editais do Fac e a concretização de episódios de séries com produção local montam o cenário favorável para alguns artistas de Brasília. Com arranjos de coprodução, por vezes até internacionais, e propostas que incluem visões de sustentabilidade, filmes e séries prezam por enredos elaborados ou por temáticas educativas. Confira algumas das futuras opções de entretenimento arquitetadas na capital.
Colmeia
As filmagens do segundo longa de Bruno Fatumbi Torres serão no segundo semestre de 2024, em Brasília e no deserto do Atacama (Chile). Toda a estruturação, entretanto, já está em andamento, numa associação entre as coprodutoras entre a Dezenove Som e Imagens, Aquarela Midwest, Fatumbi Films e Quijote Films (Chile). Colmeia, está em desenvolvimento de roteiro, depois de impulsionado pelo edital do Fac (R$ 1,48 milhão) e do edital da Chamada Pública BRDE/FSA Produção Cinema (R$ 2.99 milhão). Dirigido e produzido por Bruno Fatumbi Torres, Colmeia terá protagonismo da atriz e roteirista Simone Iliescu (roteirista e atriz de A espera de Liz, filme anterior de Torres, com filmagens na Venezuela). Colmeia trata da vida de Ana, que tenta sobreviver em caótica cidade grande. A trama é pontuada pelo aparecimento de possível irmã de Ana, em meio à notícia da morte do pai, antigo empregado de uma mineradora, pela vida toda, ausente. Tudo se passa, enquanto Ana enfrenta uma relação amorosa desgastada. No filme, desponta a ação de uma fábrica de plásticos e ainda de um laboratório de genética.
Onde moram os irmãos
Com o protagonismo de Liliane Rovaris, Onde moram os irmãos trata da vivência e da fuga do luto em uma abalada família. Talentos saídos de curso do Iesb brilham, no núcleo criativo: a diretora brasiliense Marisa Mendonça e o roteirista manauara Sandro Vilanova, que integrou o núcleo criativo Ceicine, comandado por Adirley Queirós. O orçamento vem do Fac, na ordem de R$ 1 milhão, e o projeto tem filmagens previstas para agosto. A perspectiva de lançamento é no segundo semestre de 2024.
O vento vai reagir
Um reencontro entre duas mulheres, 40 anos depois de se conhecerem, traz inesperado registro de um região do Vale do Javari (Amazonas) que praticamente inexistente. O enredo será explorado no longa documental O vento vai reagir, sob o comando da historiadora, antropóloga e diretora de cinema Delvair Montagner e do diretor brasiliense Marcelo Díaz. Com R$ 1,4 milhão (alcançado via Fac), o filme se encontra em pós-produção, e deve estar pronto em dezembro de 2024. A atmosfera da antiga região da aldeia São Sebastião integrada por indígenas Marubo toca em particular a indígena e, atualmente, antropóloga, Vari Mëma, que há décadas manteve o primeiro contato com Delvair. As filmagens do documentário foram no Rio de Janeiro, Amazônia e Brasília, mesmo palco para o longa Maria Luiza (de Marcelo Díaz), em torno da primeira trans nas Forças Armadas do Brasil.
Sangue do meu sangue
Em etapa de pré-produção, com distribuição da Vitrine Filmes para 2025 e orçamento assegurado de R$ 3,6 milhões (em coprodução entre Brasil, França e Chile), o longa Sangue do meu sangue trará direção e roteiro de Rafaela Camelo que, formada pela UnB, apresenta um longa criado no seio da independente Moveo Filmes, depois de ter filmes mostrados em Berlim e Sundance. Com filmagens previstas para novembro próximo, e equipe majoritariamente feminina, a produção está com elenco em seleção. Na trama, Glória, que, ainda criança, fez transplante de coração, passa férias num hospital em que convive com a trans Sofia, destacada para acompanhar a bisavó senil, detentora de um sonho bem palpável.
Casa viva
Com orçamento de R$ 1,47 milhão assegurado por edital do FAC, a dezena de episódios da série documental Casa viva, produzida por Caetano Curi e dirigida por Carina Bini (também roteirista, ao lado de Renata Diniz), está centrada em exemplos de construção sustentável, numa seleção de projetos, em cinco estados (além do DF), do engenheiro especializado na técnica do bambu Frederico Rosalino. Com trilha sonora de Sascha Kratzer, a série tem finalização estimada para novembro, dois meses depois das últimas filmagens na Ilha do Bananal (entre Tocantins, Mato Grosso e Goiás).
Thiago e Ísis e os Segredos do Brasil
Série voltada para crianças entre 3 e 6 anos, que visa estimular a conexão entre o público e a cultura brasileira. Na trama, desenvolvida com ação de fantoches, os dois filhos de João enriquecem o repertório cultural, no exame de tradições regionais. A cada um dos 13 episódios, há registro de preparação de festividades — desde a criação de adornos até os ensaios de danças e cantorias. A primeira temporada vai ao ar, na TV Brasil, a partir de 18 de setembro. João Amorim, o diretor da atração, projeta outubro como marco das filmagens do longa Thiago & Ísis e os biomas do Brasil.
Lírio
Cerca de 60% da produção da série infantil Lírio já foi viabilizada pelo Fac, com demarca a showrunner Amanda Fernandes, à frente de 26 episódios com sete minutos de animação. Estrategicamente, haverá coprodução entre a local Akwa Creative Lab, a paulistana MilusPanda e a chilena GVG. Na pré-produção, três núcleos estão a todo vapor: roteiro, arte e música. "Lírio é um conteúdo que apoia o desenvolvimento infantil com lições valiosas para o dia a dia dos pequenos, a partir de saberes científico e ecológico", adianta Amanda.
Com situações lúdicas e de fácil memorização, o protagonista canta sobre as plantas. Sonoridades ibero-americanas pontuam o material que, a cada episódio, desenvolverá conflitos como a doação de brinquedos ociosos, o uso de casaquinho quando está frio e elementos de sociabilidade , como o cumprimento junto a outras pessoas. "O espectador vai descobrir seu lugar no mundo e como viver em sociedade. Teremos a abordagem da infância, com entendimentos como o cuidado da flora para nossa sobrevivência", conta Amanda. No cronograma, haverá o lançamento das músicas em 2024 e a série, em 2026. Games e projeto de realidade expandida incrementam o projeto.
Duas perguntas // Natalia Brandino
Marcos e Arnaldo, longa com filmagens previstas para 2024, na capital, terá direção de Santiago Dellape, o mesmo de A repartição do tempo (2018) e do telefilme Meio expediente (2017), exibido em 77 países. Em fase de captação de recursos do orçamento de R$ 3,5, milhões, já foram assegurados R$ 1,5 milhão por meio do Fac.
O roteiro do filme, assinado por Guilherme Sadeck, e que trata de acolhimento familiar e de processos de inclusão social, figurou entre os seis melhores no programa Scriptpalooza Fellowship, tendo sido finalista a melhor obra em festival de Oaxaca (México). Ao lado de Walder Jr., a produtora executiva Natália Brandino (integrante da empresa que auxiliou na produção de longas locais como O último cine drive-in e Eduardo e Mônica, além de Pureza) adianta que o projeto traz temas universais ligados à união, empatia, amor, acolhimento e família, tudo de forma leve e divertida.
Do que trata o longa?
O filme conta a história de Marcos, um garotinho de oito anos, que vive em um abrigo. Por causa de um pai que o maltratava, ele não quer ser adotado. Após um pequeno acidente, as crianças do abrigo são levadas para uma casa de repouso para idosos. Lá, Marcos conhece Arnaldo, um senhor com deficiência intelectual. A partir deste inusitado encontro, nasce uma linda amizade que origina uma grande aventura.
Qual será o tom pretendido?
O filme trata sobre realidade das crianças que aguardam adoção e a complexidade de temas importantes como o abandono, o abuso e a exploração infantil, mas de uma forma extremamente sensível e lúdica, a partir da imaginação de Marcos, apaixonado por filmes, utiliza o Cajado, um pequeno pedaço de madeira, que possui forte ligação com seu passado, para fantasiar e colorir o mundo ao seu redor.