O mercado da música hoje é muito dependente do que faz sucesso no TikTok, quem acerta no um sucesso na plataforma tem, no mínimo, seus 15 minutos de sucesso. Clarissa foi uma delas. Antes atriz e influencer, Clarissa Müller, que usa apenas o primeiro nome como artístico, decidiu mergulhar de cabeça na carreira musical em 2021 com EP auto intitulado e, com menos de um ano emplacou o primeiro hit, o single Nada contra (ciúme), via TikTok. Atualmente mais consolidada, assinada com a gigante Virgin Music, aposta na mudança com o EP Tudo, eu, enfim. O lançamento foi disponibilizado nesta sexta (25/8) nas plataformas de streaming.
A produção de estúdio é a terceira da cantora e sucede o álbum de estreia Para-raio, de 2022. Com cinco faixas ela decide falar a verdade, tocar na própria insegurança e nas feridas abertas mais pessoais. “Esse é o meu trabalho mais maduro, mostrando minha fragilidade e minha intimidade. É como se eu tivesse aberto a porta da minha sala e pedido para todo mundo entrar”, conta Clarissa em entrevista ao Correio.
A artista cresceu muito por meio do TikTok, mas agora tenta se afastar do som que a elevou ao patamar de indicada ao Grammy Latino de Melhor nova artista em 2022. “Daqui em diante vão ter mais sonoridades e letras mais maduras, me distanciar do som adolescente, jovem e com cara de TikTok”, adianta. No entanto, Clarissa não é uma questão com a plataforma, ela só quer ser vista como uma cantora consolidada e não como a famosa do momento. “É uma luta para qualquer artista você ser levada a sério na indústria, especialmente como mulher, especialmente eu que era uma menina quando comecei”, explica. “Esse trabalho evidencia bem essa trajetória. Se você compara com o que eu fiz dá para ver uma evolução de escrita, estética e forma de mensagem”, complementa.
Para além dos temas pessoais, musicalmente é um EP bem distinto do restante da carreira. São baladas acústicas no piano e violão que deixam Clarissa em primeiro plano preparada para receber o público de peito aberto e sem medo de ser vulnerável. “O que tinha imaginado era bem mais cru e despretensioso. Porém o EP tomou uma proporção que eu não imaginava. Ficou tudo muito bonito e começou a significar demais para mim”, conta a artista, que parece completamente grande e sem medo quando pega o microfone, mas teve um processo de insegurança. “Deu muito medo quando eu vi que teria que levar muito a sério, porque era sério, bonito e importante”, confidencia.
Ela sente o EP como um divisor de águas. Contudo, também interpreta a própria ação como corajosa, visto que se sente nadando contra a maré da tendência. “Vim do pop rock, escrevendo coisas animadinhas no momento em que todo mundo estava lançando coisas mais animadinhas. Agora me sinto um pouco na contramão”, afirma. “Os fãs me cobram muito: ‘vai ter mais rockinho?’ e não é como se não fosse ter nunca mais, mas nem sempre a gente pode entregar esse tipo de coisa. Eu mal escolho direito o momento que eu estou, as coisas só vão acontecendo”, pontua Clarissa.
As inseguranças ditaram o tema do álbum, mas o orgulho é o que a artista mais sente na própria trajetória. “Eu tenho muito orgulho, eu não faria nada diferente na minha carreira musical. Eu olho para trás e vejo como é incrível que uma pessoa que achava que não ia prestar para nada conseguiu fazer tudo na cara na coragem e está impactando a vida das pessoas”, comemora. “Se tudo der certo eu sempre terei muito orgulho de olhar para trás e ver o que eu fiz e olhar para frente e imaginar o que posso fazer”, completa.
Pronta para os palcos
No mais recente ápice da carreira de Clarissa, a cantora optou por cancelar shows porconta da saúde mental. “A gente deu uma pausa primeiro pela minha saúde mental. Estava tudo acontecendo muito rápido e eu estava muito insegura, eu sentia que não conseguia entregar o que eu queria entregar”, lembra. Entretanto, após os últimos lançamentos e algumas participações rápidas em apresentações ao vivo, Clarissa teve o que precisava para sentir saudade dos holofotes.
A artista planeja usar o aumento de repertório para performar em casas de show pelo Brasil. “Nesse segundo semestre eu estou de fato preparada para fazer mais shows e aparecer nos festivais. Acho show uma delícia de fazer e é bom porque agora a gente está com um repertório bem grande”, comenta Clarissa que vê algo muito poético nos palcos: “Apesar de eu ser uma pessoa introvertida, ver o público cantar comigo as coisas que eu escrevi no meu quarto é muito mágico”.
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