O ato de cantar o amor emplacou a dupla Zezé Di Camargo & Luciano na cena musical sertaneja. Em 1991, a música É o amor conquistou o Brasil e tornou-se um hino romântico que atravessou gerações. Três décadas após saírem de casa no interior de Goiás, os artistas acumulam três Grammys Latinos, turnês nacionais e internacionais, além de mais de 40 milhões de cópias de sucessos vendidos.
Nascidos em Pirenópolis (GO), os irmãos Mirosmar José de Camargo (Zezé) e Welson David de Camargo (Luciano) encontraram nas letras românticas e dramáticas uma forma de transmitir vivências amorosas e valorizar o gênero sertanejo. Para além das palavras, o sertanejo raiz, combinado às vozes expressivas e marcantes dos dois, consolidaram a imagem da dupla pelo país.
De volta a Brasília pela segunda vez neste ano, a dupla traz o show ZC&L Experience para o evento Fazenda Churrascada Brasília. A proposta conta com uma apresentação mais intimista, em clima de reunião de amigos, onde o público se sente próximo dos artistas e da trajetória deles, pela seleção do repertório musical, que passeia pelos 32 anos de carreira, com músicas autorais e modões.
Entrevista / Zezé Di Camargo & Luciano
Vocês colecionam cerca de 30 anos de trajetória musical e possuem uma carreira consolidada no Brasil. Assim, vocês pretendem seguir com o mesmo formato de produção musical ou consideram uma reinvenção do Zezé Di Camargo & Luciano?
Zezé: Nós fomos os primeiros artistas no Brasil a investir em mega produção, leds, e acredito muito que uma carreira consolidada precisa se reinventar sempre, seja em cenário ou arranjos musicais. A gente observou, ao longo de todos esses anos, que tem uma reinvenção de público também. A gente vê a resenha que esses novos artistas fazem na internet quando se encontram, e o entrosamento e a música que eles cantam são sucessos de Zezé Di Camargo & Luciano, de Mato Grosso e Mathias, de Leandro e Leonardo, de Chitãozinho e Xororó. Não somos esquecidos por essa turma. Todos eles falam para cantarmos um modão e, quando cantamos em show, o público pula, vibra, faz coro, grita e festeja, por serem clássicos que as pessoas escutam há 20, 30 anos.
Qual o diferencial da turnê ZC&L Experience? O que o público pode esperar do show?
Luciano: Uma turnê intimista, em que podemos estar bem perto do público. O público é o convidado da nossa festa particular. Imagina você estar jantando ao lado de Zezé Di Camargo & Luciano? É o momento em que olhamos nos olhos, cantamos juntos e saímos dos grandes palcos para um momento ainda mais descontraído
Com o rápido avanço da indústria musical, os ritmos e gêneros musicais vem enfrentando mudanças e seguindo novos rumos. Sendo assim, como vocês veem a reinvenção do sertanejo no Brasil?
Zezé: Quando surgimos, no início dos anos 1990, aquele fenômeno era maior do que esse, mas tinha menos gente dentro do movimento. Naquela época, tinha especial na Globo de música sertaneja, o Leandro e Leonardo tinham um programa na emissora, havia umas cinco rádios FMs de música sertaneja no Rio de Janeiro. Hoje, só tem uma. As pessoas têm memória curta, mas o espaço era bem maior.
A música sertaneja faz parte da cultura do país, portanto, a cada ano surgem novas duplas e compositores excelentes. O gênero sertanejo não é modismo. A nossa origem é sertaneja, nunca negamos e não acreditamos que algum dia o nosso gênero venha a morrer. Artistas como Luan Santana, Gusttavo Lima, Tierry, Jorge e Mateus, Henrique e Juliano, Diego e Victor Hugo e Felipe Araújo fazem sertanejo. Os leigos saem divulgando este rótulo de sertanejo universitário — como já teve forró universitário e pagode universitário. Quando começamos, em 1991, fomos intitulados de new sertanejo e nós recusamos este rótulo. Houve uma peneira e ficaram os que tiveram o reconhecimento do público. O mesmo vai acontecer agora.
Olhando para frente, quais os seus projetos futuros?
Zezé: Muitos projetos em andamento. Meu irmão com sua carreira gospel e eu com meu projeto Rústico. Nós, em shows pelo Brasil com a nova turnê Novos Tempos, que lançamos há duas semanas no Espaço Unimed, em São Paulo. Tem ainda a turnê Experience, que nos traz a Brasília nesta quinta-feira e sexta-feira.
Como vocês enxergam o futuro do sertanejo, tendo em vista a interferência dos aplicativos de música e de dança no cenário musical brasileiro?
Luciano: Antigamente só tinham rádio, TV e shows. Hoje, com o avanço das tecnologias, a Internet é uma grande aliada. Estamos nas principais plataformas de áudio e vídeo. Zezé Di Camargo & Luciano falam de amor há 32 anos e nossas músicas atravessam gerações até hoje. Não nos encaixamos em modismos, por isso que não pensamos em canções para viralizar no TikTok. Nossas canções são atemporais e é por isso que estamos até hoje com uma carreira duradoura.
Em setembro, vocês voltam para a capital pela terceira vez, neste ano, para a Expoabra 2023. Como vocês se relacionam com o público de Brasília?
Zezé: O Centro Oeste, de um modo geral, foi a primeira praça que abraçou o gênero. Estar na região em que nascemos, crescemos e nos fortalecemos como artistas, é muito mais especial. Voltar aos mesmos lugares é uma nostalgia e, mais que isso, estar aqui mais uma vez nesses 32 anos de carreira é um privilégio.
*Estagiária sob a supervisão de José Carlos Vieira
Serviço
ZC&L EXPERIENCE!
na Fazenda Churrascada Brasília
Hoje e amanhã, a partir das 20h, show de Zezé Di Camargo & Luciano na Fazenda Churrascada Brasília (St. de Clubes Esportivos Sul Trecho 2). As reservas podem ser feitas pelo telefone: (61) 98175-3365.
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