Obituário

Morre o diretor de teatro Aderbal Freire-Filho, aos 82 anos, no RJ

Companheiro há 23 anos da atriz Marieta Severo, o diretor teatral sofria complicações por causa de um AVC

Correio Braziliense
postado em 09/08/2023 19:40 / atualizado em 09/08/2023 19:42
 Crédito: Ana Paula Migliari/Divulgação. Aderbal Freire-Filho, de Arte do Artista, programa da TV Brasil. -  (crédito:  Ana Paula Migliari/Divulgação)
Crédito: Ana Paula Migliari/Divulgação. Aderbal Freire-Filho, de Arte do Artista, programa da TV Brasil. - (crédito: Ana Paula Migliari/Divulgação)

O dramaturgo Aderbal Freire Filho morreu, nesta quarta-feira (9/8), aos 82 anos, no Rio de Janeiro. Diretor de teatro, ator e apresentador, Aderbal havia sofrido um acidente vascular cerebral (AVC) em 2020 e teve complicações na saúde desde então.

O artista estava internado no Hospital Copa Star, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Aderbal era conhecido pela ousadia experimental nas montagens e por defender a integração do teatro brasileiro com o de outros países da América do Sul. Desde o início dos anos 2000, Aderbal tinha uma união estável com a atriz Marieta Severo, com quem teve várias parcerias profissionais de sucesso.

Aderbal nasceu em Fortaleza (CE) e começou a carreira artística aos 13 anos, ao atuar em grupos de teatro. O artista se formou em direito na cidade natal, mas não prosseguiu na carreira e retornou às artes cênicas. Mudou-se para o Rio de Janeiro em 1970, onde estreou como ator em Diário de um louco, de Nikolai Gogol, encenando a obra dentro de um ônibus que percorria as ruas da cidade.  

A primeira peça dele como diretor foi O Cordão Umbilical, de Mario Prata, em 1972, seguida por alguns dos maiores sucessos dele, o monólogo Apareceu a Margarida, de Roberto Athayde, estrelada por Marília Pêra. Entre as peças que escreveu estão Lampião, Rei Diabo do Brasil (1991), No Verão de 1996 (1996), Xambudo (1998), Isabel (2000) e Depois do Filme (2011). 

Em 1989, ele criou uma companhia de teatro, o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo. A companhia surgiu vinculada ao projeto de recuperar o Teatro Gláucio Gill, abandonado pelo Governo do Estado, ocupando-o com uma programação coerente e uma companhia com continuidade de produção. Durante um ano e meio, Aderbal ensaiou nos escombros do teatro. Estreou em 1990 com A Mulher Carioca, aos 22 Anos. A peça transpõe para a cena, sem nenhuma adaptação, o romance original de João de Minas, incorporando o modo narrativo à interpretação dos atores.

O último trabalho dele na televisão foi como apresentador do programa Arte do Artista, na TV Brasil. O programa experimental que estreou em 2012, concluindo com quatro temporadas, mesclava a linguagem televisiva com a teatral e cinematográfica. No programa, Aderbal entrevistou nomes importantes da cultura brasileira, como Alexandre Nero, Andréa Beltrão, Camila Pitanga, Deborah Colker, Eduardo Kobra, Lenine, Marília Gabriela, Matheus Nachtergaele, Nicette Bruno, Thalita Rebouças, Wagner Moura, Walter Carvalho, Wanderléa, Wolf Maya e Zélia Duncan.

O artista foi um defensor da integração do teatro brasileiro com os de países da América do Sul e passou os últimos anos encenando peças entre o Brasil e o Uruguai. Em 2018, recebeu, inclusive, o título de visitante ilustre pela Câmara Municipal de Montevidéu. Desde a década de 1980, montava espetáculos na Argentina, Colômbia, entre outros. A peça "Mão na Luva", de Oduvaldo Vianna Filho, foi vencedora, no Uruguai, do Prêmio Florencio de melhor espetáculo estrangeiro em 1985.

 

 

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