"Inexplicavelmente, Aracy fez pouco cinema. A sétima arte ficou em dívida com essa imensa atriz e figura humana singular. Lembro-me que por ocasião da primeira reforma do teatro (que leva o nome dela, em Campo Grande), nos anos de 1990, quando fui com ela visitar o então governador de Mato Grosso do Sul, que também era, descendente de armênios, ela disse: 'Vim como artista e cidadã, defender o meu ian (sufixo que atesta a identidade armênia)'", lembra o diretor Joel Pizzini, do premiado curta Caramujo-flor (1988) no qual Aracy Balabanian teve participação.
Dirigida por Geraldo Vietri, em A primeira viagem (1972), Aracy desempenhou papel maduro que causava desilusão num jovem viajante, seduzido dentro de um trem. No filme de Paulo Thiago de 1997 Policarpo Quaresma: herói do Brasil, ela teve participação especial. Com o veterano da tevê Milton Gonçalves, Aracy esteve no especial da TVE roteirizado por Ziraldo, e dirigido por Sonia Garcia, Uma professora muito maluquinha (1996), e, ao lado de colegas como Francisco Cuoco, Tony Tornado e Zezé Motta, fez Juntos a magia acontece: Especial de Natal (2019). O Natal do menino imperador (2008) também foi produto feito para a tevê.
Para além do reviver da antológica personagem Cassandra, do humorístico da Globo, em Sai de baixo: O filme (2019), Aracy se deteve na interpretação de Clarice Lispector, em De corpo inteiro entrevistas (2010), fita experimental de Nicole Allgranti estrelada ainda por Beth Goulart, Louise Cardoso e Dora Pellegrino.
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"Aracy tinha orgulho de ser campo-grandense e de ter origem armênia. Da última vez que falei com ela, lembro que ela aderia a um movimento da classe em prol do teatro antes mencionado, e que se encontra fechado há sete anos para reforma. Ela estava muito triste com isso e falou que ia pensar como se manifestaria a respeito. Depois, se recolheu", conta Pizzini, cineasta sul-mato-grossense de coração, nascido carioca. Outra lembrança que ficou foi o contentamento de Aracy com o resultado do curta Caramujo-flor, filmado, entre outros locais, no Pantanal. Em cena, o valor universal da poesia de Manoel de Barros.
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