É difícil mentir quando o assunto é música. Um músico que não canta a própria verdade tem a tendência de perder a própria individualidade e se misturar com uma multidão que está tentando vingar nessa indústria predadora. A cantora Rita Ora percebeu que encontrando a própria verdade se comunicaria melhor com o público e, por isso, decidiu abrir o coração no novo disco You & I, o terceiro de estúdio na carreira.
O disco de 12 faixas tem traços clássicos do pop, com referências da música eletrônica e R&B, sem contar com a presença forte da cultura britânica, em que Ora foi criada. O álbum mistura o que inspira a artista com o que ela entende como alicerce da própria carreira. "Eu fiz homenagens para pessoas britânicas que eu amo, convidei artistas incríveis para participar e me dediquei para fazer o disco ser o mais honesto possível ", explica a cantora em entrevista ao Correio em referência à presença do músico Fatboy Slim na lista de colaborações. "Minhas inspirações podem até mudar um pouco, mas a essência é a mesma. Eu amo os gêneros house, EDM e soul. Misturo eles todos e faço disso a minha visão do que é pop", acrescenta.
Contudo, o que chama a atenção no trabalho vai bem além do lado técnico e musical. "Eu estou cantando sobre coisas muito pessoais: como eu cresci, estar apaixonada e o fato de eu ter encontrado uma pessoa que é meu 'parceiro de crime'", conta Rita, que recentemente se casou com o cineasta Taika Waititi. "É muito bom ter alguém que te coloca para cima, pessoalmente e profissionalmente. Ele me faz uma pessoa melhor, não é este o sonho de qualquer um? Estou muito feliz", adiciona a profissional, que dedica o álbum ao amado e a esta fase que estão vivendo juntos como casal. Taika tem participação, visto que dirige os clipes que foram lançados até o momento.
A intenção dela é trazer o público para perto e compartilhar a própria perspectiva de mundo. "Eu quero que as pessoas tenham um gostinho do que é minha vida, vejam um pouco do mundo pelos meus olhos", afirma a cantora, que se encontrou nesta forma quase poética de se expor para o mundo. "Eu me sinto mais confiante e confortável comigo mesma. Estou superempolgada sobre contar minhas histórias, não tenho medo de me sentir vulnerável", complementa a artista que está preparada para o que vier com essas escolhas. "É assustador ser vulnerável, mas é bem possível também."
Foram anos amadurecendo como artista e se consolidando na cena para que Rita se sentisse verdadeiramente confortável para fazer um trabalho deste. "Minha carreira nesse ponto está bem estabelecida", acredita a cantora. "Eu lutei muito para que minha voz fosse ouvida. Isso me ajudou a prestar atenção para o que eu queria para este álbum. Então, fiz um esforço consciente de brigar para falar sobre o que eu acredito nesse novo trabalho", analisa a cantora que realmente vê esse trabalho como um fruto direto de todo o caminho que trilhou até o momento.
Ela espera que tudo que tenha feito possa ser o ponto de partida para outras pessoas encontrarem na arte um lugar em que não há medo de ser vulnerável. "Eu sou corajosa, não tenho medo de correr riscos. Eu sinto, na verdade, que não é um risco abrir espaço e mostrar para o mundo as coisas que você tem orgulho. Eu estou aqui para inspirar, quero usar a plataforma que tenho para o bem", pontua a artista, sem deixar de lado toda a alegria que a música traz. "Fazer música e ver meus fãs cantando junto é o que me mantém inspirada na minha carreira. Eu tenho muito orgulho do quão distante eu cheguei. Eu só quero que todo mundo entenda que tudo isso vem de um lugar verdadeiro, aproveitem o passeio, pois estamos nos divertindo juntos."
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Veio e já quer voltar
O lançamento do novo disco traz junto uma provável turnê. Rita tem uma esperança com esta possibilidade: o retorno ao Brasil. A cantora veio para um show no palco Mundo do Rock in Rio 2022 e se encantou com o que viveu. "Quando eu entrei no Rock in Rio, ouvi todo mundo gritando o meu nome, cartazes levantados me pedindo coisas. Eu me senti muito bem-vinda, amo todos os meus fãs brasileiros", lembra. O Correio esteve na apresentação e consegue destacar que o público realmente embarcou na proposta dela, que foi um dos destaques da noite encerrada por Dua Lipa em setembro do ano passado. "No Brasil, no palco Mundo, eu percebi que música não tem língua. Qualquer um pode cantar qualquer música", destaca.
Rita Ora, desde então, é uma apaixonada pelo Brasil. "O Brasil é incrível, eu já sinto que preciso voltar. A recepção que eu recebi quando eu subi no palco foi incrível, às vezes me pego pensando que eu não visito o país o suficiente", comenta. Porém, apesar das belezas da terra, os xodós são os fãs brasileiros. "O 'Come to Brazil' é constante no meu Instagram, sem contar que fiz umas dancinhas de músicas brasileiras no TikTok que tiveram um engajamento gigantesco", confidencia. "Percebi que muitos dos meus seguidores nas redes sociais são brasileiros, me sinto honrada do tanto que eles me amam, mal posso esperar para voltar", finaliza.