Nesta quinta-feira (13/7) é celebrado o Dia Mundial do Rock, data criada após o festival beneficente Liv Aid, que ocorreu na década de 80 e reuniu astros como Queen, U2, Mick Jagger, Black Sabbath, Dire Straits, Eric Clapton, Elton John, Phil Collins, entre outros. A data celebra não apenas um ritmo musical, mas um estilo de vida moldado a partir do rock.
Conhecido por transcender gerações, o estilo influencia diversos aspectos culturais, entre eles, a moda. O gênero emergiu em meados dos anos 50, quando nomes como Elvis Presley, Bill Flagg e Chuck Berry surgiram com um ritmo que misturava jazz e blues com guitarras elétricas, conquistando jovens com estilo musical que trazia características singulares, como letras que simbolizam liberdade e quebra de padrões sociais, mas também chamavam atenção pela apresentação estética.
Elvis Presley, um dos principais nomes do rock na década de 50, revolucionou o visual que os artistas costumavam usar para se apresentar. Na época, era comum o uso de ternos. Calça jeans, mocassim, jaqueta de couro no estilo aviador e camisas brancas marcavam a identidade de Elvis, que ao longo da carreira foi moldando seu estilo, e com a virada da década, começou a trazer para seus looks conjuntos extravagantes e camisas estampadas.
Com o passar dos anos, a montagem dos looks do cantor foram se tornando cada vez mais exóticas, e foi na década de 70 que Elvis consagrou sua personalidade na moda, quando passou a usar jumpsuits em seus shows — uma espécie de macacão, marcado como o look de assinatura dele. Eles iam do básico aos mais extravagantes, com gola alta, capas, decote, cintos e bordados em pedras. A evolução no estilo de Elvis contou com o apoio do figurinista Bill Belew, que em 1968 passou a prestar consultorias para o cantor, buscando roupas que não limitasse os passos de dança de Presley.
O estilo descolado Elvis Presley e de outros artistas da primeira década do rock tornou-se referência para muitos jovens e, ao longo dos anos, conforme o gênero ganhava novas vertentes e novos astros, novas influências pairavam sobre o universo fashion, usado por muitos como forma de expressão, indo de encontro e complemento com os discursos que o gênero musical trazia a cada década.
A política, a moda e o rock na década de 60
Em um momento pós-Segunda Guerra Mundial, com gradativa recuperação, o desejo por liberdade e a luta pelos direitos políticos e sociais quebraram diversos dos padrões impregnados na sociedade. O visual considerado rebelde, com jaquetas de couro e jeans, começou a se popularizar ainda mais, nessa mesma época surgiu a minissaia, vista como símbolo de liberdade feminina.
Botas no modelo Chelsea também ganharam destaque nas produções, além dos clássicos terninhos justos em tons sóbrios popularizados pela banda de rock britânica Beatles. Dando tom às tendências seguintes, a banda Pink Floyd trouxe a estética do rock psicodélico, também adotado pelo The Doors e Beatles.
A moda hippie dos anos 70 e a presença feminina no rock
Considerada a primeira rainha do rock, Janis Joplin popularizou o estilo hippie, marcado por tecidos fluidos, coletes, lenços, crochê, botas, todos os tipos de acessórios e estampas psicodélicas. Jimi Hendrix ajudou a popularizar a estética, com suas combinações extravagantes de camisas coloridas e abertas, com tecidos leves que traziam a sensação de movimento. No Brasil, Rita Lee se destacava no rock, e a cantora usava a moda como forma de expressão e transitou por diversos estilos, entre eles, o hippie, com seus óculos redondos e coroas de flores.
Glam rock e estética andrógina do final da década de 70
Caminhando para uma sociedade menos conservadora, no final da década de 70 o modo dos astros se vestir evoluiu para um visual mais glamoroso e até mesmo “exagerado”. Artistas como Roxy Music e David Bowie se tornam símbolos musicais e da moda ao quebrarem padrões de gênero, criando uma estética composta por muito brilho, maquiagens pesadas e artísticas, saltos plataformas, peças justas, de vinil, couro e animal print. As bandas de metal Kiss, Queen e Aerosmith também foram adeptas ao glam rock.
O estilo em questão tem forte influência ainda nos dias atuais e pode ser observado na estética da banda de hard rock italiana Måneskin, composta por Damiano David, Victoria De Angelis, Ethan Torchio e Thomas Raggi. Com figurinos justos e extravagantes, o grupo que surgiu em 2016 questiona os estereótipos de gênero usando botas de salto alto, unhas pintadas e, claro, o clássico olho preto.
Vivianne Westwood e sua influência no punk rock
Do final da década de 70 para o início da década de 80, o punk rock tomou de conta do gênero musical e claro, da moda. O punk rock teve uma precursora importante, Vivianne Westwood, estilista britânica considerada um dos mais transgressores nomes da moda. Viviane casou-se com Malcolm McLaren, estudante de arte e futuro empresário da banda Sex Pistols na década de 60.
Apaixonados por música, moda e com sede de rebelião, o casal abriu a sua primeira loja em 1971. No ano seguinte, a estilista entrou em uma fase motociclista, desenhando jaquetas de couro com bastante zíperes e mudando o nome do estabelecimento para Too Fast to Live, Too Young to Die. O casou acabou sendo processado por obscenidade, graças às mensagens provocantes das camisetas criadas e vendidas por eles, e decidem mudar mais uma vez criando a Sex, como uma afronta ao processo.
Querido pelo público jovem underground, a loja já era frequentada pelos integrantes da Sex Pistols antes mesmo da formação da banda. Quando o quarteto começou a tocar junto, em 1975, Malcolm assume o posto de empresário e batiza o grupo em referência à loja. Vivienne se encarrega dos figurinos, ajudando a criar toda a identidade visual dos pioneiros do punk rock.
Além da Sex Pistols, bandas como Ramones e The Cure foram responsáveis por fazer a estética se destacar. Cabelos coloridos, penteados moicanos, maquiagem pesada, jaquetas com aplicações de spikes, jeans rasgados e óculos escuros compunham parte do visual rebelde que deu o tom da juventude que lutava contra os padrões sociais. Muitos dos visuais da época podem ser considerados atemporais.
O grunge da década de 90
O termo grunge significa "sujeira", usado para caracterizar o som de bandas que misturavam acordes de heavy metal, indie rock e punk hardcore com músicas que traziam abusos, dor e traumas em suas letras. A estética do gênero era muito vista nas roupas, principalmente com Pearl Jam e a banda Nirvana, especialmente o líder da banda, Kurt Cobain, que gostava de se sentir confortável, ainda que isso presumisse desleixo. Jeans rasgados, camisas xadrezes de flanela e qualquer camiseta listrada foram suficientes para marcar época.
O grunge ainda é muito usado, sendo marcado por peças mais discretas e com uma aparência antiga, tipo aquele cardigã reaproveitado do armário da vovó e o tênis All Star gasto de tanto ser usado. O look slip dress somado ao coturno também surge nesse período.
Os anos 2000 e os dias atuais
Os anos 2000 foram marcados por resgatar a autenticidade do rock que influenciou muitos estilos ao longo das décadas, trazendo tendências do passado para o presente, já que usar peças apenas porque elas estão na moda ou por serem usadas por outras pessoas não condiz com o espírito do rock.
Artistas como Simple Plan, Avril Lavigne e Blink-182 ganharam destaque, trazendo de volta calças com modelagem slim, calças jeans rasgadas, gravatas, jaquetas pretas, munhequeiras, cintos pesados, peças camufladas em um estilo que misturava a rebeldia do rock’n’roll com outros gêneros como o rap e hip-hop. No Brasil, destaque para a cantora Pitty, que trazia looks com munhequeiras, pulseiras, maquiagem pesada e mix de peças como blusa e saia de tule.
O gênero musical ainda influencia muito o modo como nos vestimos atualmente. Os jeans destroyed começaram com o grunge, assim como as camisas xadrezes e o slip dress. As calças e jaquetas de couro são itens dos anos 50 que se tornaram atemporais.
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