Artes visuais

Releitura criativa da obra de Girafa tem poesia e produção de 20 anos

Parceria de Girafa com o coletivo Vilarejo 21, formado por Sofia Rodrigues Barbosa, Rafael Marques, Letícia Lofego e Lelia Lofego, a mostra 'Imagens interrompidas' está em cartaz na Galeria Trama

Há muito tempo, o artista plástico Luís Jungmann Girafa pinta com a mesma técnica. Mancha, suja, imprime a cor e o traço na tela da maneira mais gestual, instintiva e intuitiva. Ao fim e ao cabo de algumas camadas, se afasta, avalia a produção e explora as possibilidades de formas, paisagens e personagens. Busca o equilíbrio e a unidade plástica. Mas, na exposição Imagens interrompidas, a ser inaugurada nesta quarta-feira (12/7), às 17h, na Galeria Trama, da Fundação Athos Bulcão (510 Sul), a releitura inventiva realizada pelo coletivo Vilarejo 21 foi essencial.

A mostra Imagens interrompidas é resultado de uma parceria de Girafa com o coletivo Vilarejo 21, formado por Sofia Rodrigues Barbosa, Rafael Marques, Letícia Lofego e Lelia Lofego. O Vilarejo 21 é um espaço independente de arte, criatividade e cultura, com sede em uma chácara no Altiplano Leste. Eles topam qualquer desafio para criar e fruir a arte: pesquisas, produções, exposições de artes visuais, projetos, oficinas de arte educação, gravura, design e publicações.

Ao organizar a produção em pintura de Girafa, o Vilarejo 21 estruturou as imagens de uma maneira inovadora, que chegou a surpreender ao próprio artista. Ele reconhece o ganho do encontro com o olhar das novas gerações: "Se eu fosse montar a exposição seria de uma maneira totalmente diferente, com a ideia do meu tempo, que tem data. Quando você envelhece, se parar de falar muito e ouvir as novas gerações, fará muito bem. Estou muito satisfeito e feliz com a intervenção que o Vilarejo 21 fez na minha pintura."

A reestruturação das imagens na galeria revelou novas possibilidades de leitura. Instigado pelo grupo, Girafa escreveu um poema que percorre as paredes. "Dependendo da forma como é organizada uma exposição, mesmo que seja resultado de 20 anos de trabalho, resulta em algo diferente. Aí está a relevância da contribuição dos curadores, foi muito bom para mim receber essa mirada jovem".

Durante a pandemia, Girafa não pintou. Mas como tinha uma exposição marcada, resolveu mostrar trabalhos já expostos, mas com uma nova concepção. "Existem casos de arrependimento, quando você não gosta do que fez e pinta em cima da pintura. Só com uma visão muito acurada é possível perceber. Isso está expresso nos títulos de algumas obras. Elas apagam uma Brasília mais óbvia e mostram uma nova imagem da cidade".

A aparição da cor também ocorre dentro do mesmo processo intuitivo de pintar característico de Girafa: "Existem tendências momentâneas, algumas vezes impulsionadas pelo inconsciente, elas mudam a cada instante. Mas são significativas e reveladoras. Essa exposição está muito em cima da terra vermelha, a terra do planalto. Não sou um cara para morar na beira do mar, sou um goiano nascido em Juiz de Fora. Tem de ser goiano para sentir o cheiro de capim em um dia de sol em uma fazenda. Mas a questão da cor entra de maneira não muito intelectualizada, são harmonias de uma paleta, que está sempre em mutação".

Serviço

Imagens interrompidas

Exposição de pintura do artista plástico Luís Jungmann Girafa. Abertura nesta quarta-feia (12/7), das 17h às 21h, na Galeria Trama, Fundação Athos Bulcão (510 Sul)

 

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