Lisboa — O filme brasileiro Noite alienígenas, de Sérgio de Carvalho, foi o vencedor do grande Prêmio Pessoa do 14º Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa (Festin). O anúncio foi feito na noite de sexta-feira (7/7), numa cerimônia com público recorde, no Fórum Lisboa. A produção, que conta a história de três moradores da periferia de Rio Branco, no Acre, impactados pela violência urbana, levou ainda o troféu de melhor ator para Chico Diaz. Num discurso enviado à direção do Festin, o artista celebrou o fato de o Brasil ter deixado tempos sombrios para trás, período em que a cultura foi aviltada.
Já o público escolheu Fogaréu como melhor filme. A crueza da história, que se passa em Goiás Velho, Goiás, encantou os expectadores. Muitos se disseram espantado com o Brasil real e profundo retratado na telona. O enredo reúne machismo, ascensão da extrema-direita, trabalho escravo, corrupção, tráfico de drogas e invasão de terras indígenas. A ótima construção da história garantiu a Flávia Neves a honraria de melhor direção. A portuguesa Carolina Torres, de Barranco do Inferno, foi reconhecida como melhor atriz.
Entre os documentários, a coprodução de Timor Leste e Portugal Uma Halibur Hamutuk — a casa que nos une ficou com o Prêmio Pessoa. O filme fala de Mana Lou, representante da única instituição que ajudou o povo timorense durante o Massacre de Liquiçá. Reconhecida como mãe da nação, Mana Lou mantém-se firme enquanto mulher num mundo de homens e de uma Igreja conservadora.
Na categoria curtas, o troféu ficou com o português Monte Clérigo, de Luís Campos.
Segundo Léa Teixeira, diretora do Festin, a opção deste ano no processo de escolha das 40 produções concorrentes foi pela diversidade. “Houve uma variedade espetacular de filmes e de países participantes da lusofonia. Estamos verdadeiramente felizes. No balanço geral do festival, acho que tudo esteve muito acima das nossas expectativas”, afirmou. O encerramento do festival foi marcado pela emoção, com a exibição de Pixinguinha, um homem carinhoso, de Denise Saraceni e Alan Fitterman. O público foi às lágrima com a história do genial músico brasileiro, autor de clássicos como Carinhoso e Rosa. Neste ano, completa-se o cinquentenário da morte do compositor.