Diversão e Arte

Celulares, balas e cinzas de cremação: a onda de atirar objetos no palco que preocupa artistas

A impressão é de que todos os finais de semana viraliza nas redes sociais um novo vídeo de um objeto diferente - e cada vez mais estranho - sendo jogado em um artista durante um show

Imagine se apresentar em um palco, na frente de milhares de pessoas, quando algo é jogado contra você da multidão.

A impressão é de que todos os finais de semana viraliza nas redes sociais um novo vídeo de um objeto diferente - e cada vez mais estranho - sendo jogado em um artista durante um show.

No último sábado (1/7), o cantor Lil Nas X fez piada quando um brinquedo sexual foi arremessado no palco enquanto ele se apresentava na Suécia.

Algumas semanas atrás, porém, a popstar Bebe Rexha se machucou e foi levada ao hospital depois de ser atingida por um celular durante seu show.

O homem acusado de atirar o objeto disse que pensou que "seria engraçado". Mas a nova tendência não é motivo de riso para muitos artistas.

Harry Styles foi atingido no olho por uma bala em um show em novembro pasasado e, mais recentemente, a cantora Pink pareceu ficar assustada quando um saco de cinzas humanas foi jogado no palco.

BEBE REXHA / INSTAGRAM
Bebe Rexha mostrou seus ferimentos em um post no Instagram

Ava Max, do hit Sweet but Psycho, também foi atingida no rosto durante um show, e alguém jogou uma pulseira contra a cantora country Kelsea Ballerini na semana passada.

O incidente de Kelsea levou o cantor americano Charlie Puth a pedir o fim do comportamento aos fãs no Twitter, dizendo que é "desrespeitoso e muito perigoso".

Adele também se manifestou. Em um show em Las Vegas, ela brincou dizendo que "mataria" qualquer um que tentasse atirar algo no palco e afirmou que as pessoas esqueceram a "etiqueta de shows".

"Quero ver alguém se atrever a jogar algo em mim", disse ela em tom de piada.

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"Quero ver alguém se atrever a jogar algo em mim", disse Adele em tom de piada

Mas por que alguns fãs estão pagando para ver apresentações de seus músicos favoritos e, ao mesmo tempo, atirando objetos contra eles?

Para Lucy Bennett, professora da Universidade de Cardiff que investiga a relação entre admiradores e seus ídolos, a ação coletiva dos fãs pode criar um sentimento de "pertencimento" à sua comunidade e permitir que eles "expressem sua identidade".

"No entanto, acho que algo está mudando mais recentemente e estamos vendo atos físicos individuais mais isolados e perturbadores, como jogar itens", disse ela à BBC.

Ela diz ainda que as atitudes das pessoas podem ter mudado desde a pandemia de covid-19, "quando não podíamos estar fisicamente presentes nos shows".

Bennett acredita que algumas pessoas também estão fazendo isso porque é mais difícil ser notado pelos artistas nas redes sociais. "Se você estiver no mesmo espaço físico que eles e estiver lançando algo, será notado", diz ela.

Mas jogar coisas no palco não é a única coisa que as multidões estão fazendo para irritar os artistas.

Lucy May Walker, uma cantora cujas músicas fizeram sucesso após serem apresentadas no reality show britânico Love Island, tem se incomodado com o fato dos fãs não estarem prestando atenção suficiente a seus shows.

"Eu sempre odiei tocar em situações em que estou abrindo meu coração e só consigo ouvir o som das pessoas conversando ao fundo", diz ela.

"Você tem que repreendê-los muito educadamente, sem que eles te odeiem."

"Se todo o público estiver apenas falando durante o meu set, juro que prefiro tocar em uma sala vazia."

Segundo Bennett, alguns fãs estão resolvendo o problema por conta própria, entre eles, para "garantir um comportamento correto durante os shows".

"Vimos recentemente guias de etiqueta para shows criados por fãs de Taylor Swift", relata.

"Talvez vejamos mais esforços dos próprios fãs para garantir que os artistas sejam mais respeitados e protegidos enquanto se apresentam."

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