O corpo do dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, o Zé Celso, será velado no Teatro Oficina, em São Paulo, espaço que ele fundou. A informação foi confirmada ao Correio por Kael Studart, ator da companhia. No entanto, o horário e o dia da cerimônia ainda não foram divulgados. Zé morreu nesta quinta-feira (6/7), vítima de um incêndio.
Kael Studart também afirmou que o ator e diretor será enterrado com a roupa em que usou em seu casamento com o também ator, Marcelo Drummond.
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Segundo informações da Folha de S. Paulo, artistas já estão reunidos no local em momento solene e íntimo a espera do corpo de Zé Celso.
Zé Celso: oito décadas de revolução
José Celso Martinez Corrêa nasceu em 30 de maço de 1937, em Araraquara. Iniciou a carreira na década de 1950, mas foi na década de 1960 que desenvolveu a marca de seu trabalho quando liderou o Teatro Oficina, grupo formado quando integrava o Centro Acadêmico XI de Agosto, da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Experimentação e coragem guiavam o dramaturgo, que não hesitava em derrubar a tradicional quarta parede do teatro. O dramaturgo queria levar o público à reflexão crítica. O Teatro Oficina foi criado, entre as décadas de 1960 e 1970, atuando como uma forma de resistência ao período repressivo que o país atravessava.
Ele também teve uma vida de amplo ativismo político. Em 1974, na ditadura militar, ele foi detido e exilado. O artista foi morar em Portugal e só retornou ao Brasil em 1979. Em terras portuguesas, ele produziu o filme O parto, inspirado na Revolução dos Cravos, que pôs fim aos 41 anos de ditadura salazarista. Em 2019, Zé Celso lançou críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), ao ser indagado sobre a área cultural no Brasil após a eleição do capitão reformado.
Zé morreu aos 86 anos, após não resistir aos ferimentos causados por chamas de um incêndio que tomou o apartamento em que morava, na terça-feira (4/7).
*Estagiária sob supervisão de Thays Martins