O ator, diretor e dramaturgo Zé Celso Martinez, que morreu nesta quinta-feira (6/7), aos 86 anos, travou um embate judicial que dura mais de 40 anos com o apresentador e dono do SBT, Silvio Santos, de 92 anos. A enfrentamento é por conta de um terreno em volta do Teatro Oficina, em São Paulo, onde o dramaturgo tinha o desejo de construir um parque cultural público.
O Teatro Oficina, localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo, foi fundado em 1958 e tombado pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico) em 1981 por ser uma referência artística e cultural.
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Silvio Santos é dono de uma área nos arredores do teatro desde o início da década de 1980, local onde pretendia construir um edifício para o Grupo Silvio Santos. Zé Celso, no entanto, entrou na justiça para embargar a construção alegando que o empreendimento prejudicaria o Teatro Oficina.
Os dois chegaram a ter uma reunião com o então prefeito de São Paulo, João Dória, e o vereador Eduardo Suplicy em 2017 para tentar um acordo, mas Silvio decidiu tratar o assunto apenas na Justiça, sem mediadores e conciliadores informais, após o Teatro divulgar um vídeo com imagens da reunião.
O dramaturgo queria manter e concluir o projeto da arquiteta Lina Bo Bardi (1914-1992), que previa um parque cultural público em volta do Teatro Oficina. Silvio Santos comprou os terrenos em volta do teatro e por isso a construção do parque ficou impossibilitada.
O Condephaat, no entanto, vetou qualquer construção ao redor do Teatro Oficina entre 1981 e 2017, até que em outubro daquele ano, Silvio Santos conseguiu anular o veto e a brigou seguiu na Justiça, se negando a ceder ou trocar o território para a construção do Parque do Bixiga.
Em junho 2023, quando Zé Celso oficializou o casamento com Marcelo Drummond, o dramaturgo mandou um convite para Silvio Santos, a quem pediu como presente o terreno em volta do Teatro Oficina.
Na semana do casamento, a empresa Residencial Bela Vista, de propriedade do Grupo Silvio Santos, entrou com um pedido de liminar para impedir qualquer tipo de ação no terreno, determinando uma multa de R$ 200 mil no caso do descumprimento.